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Com 91,6% das famílias endividadas Paraná precisa de educação financeira

Por: Paula Baldanzi

O tema Educação Financeira vem ganhando cada vez mais relevância dentre a população, principalmente após a pandemia do COVID-19, em que percebeu-se a importância da reserva estratégica para situações inesperadas. Contudo, ainda existe um grande desafio para a mudança das finanças das famílias do Paraná. Mas, mudanças são possíveis, sendo apenas preciso entender os caminhos.

Os números relativos ao Paraná preocupam. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor – PEIC, referente ao mês de abril, produzida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foi analisada para divulgação no Paraná pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio PR), apontam que, 91,6% das famílias paranaenses estão endividadas, sendo que  21,9% com contas em atraso e 8% não terão condições de pagar as dívidas em atraso.

E quais os motivos que levam a essa situação? Atuo como franqueada na área de educação financeira, tendo conversado com muitas pessoas e famílias, assim posso afirmar que dentre as principais causas estão o analfabetismo financeiro, falta de orçamento financeiro correto e planejamento dos sonhos.

Assim é preciso primeiramente entender que ser educado financeiramente é conhecer o orçamento financeiro pessoal e familiar, e saber exatamente para onde vai cada centavo do dinheiro recebido, sendo possível assim, planejar as tomadas de decisões, evitando endividamento e inadimplência no futuro.

Temos boas notícias no estado, sendo que a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (SEED/PR) iniciou em 2021, aulas sobre Educação Financeira, para quase 400 mil alunos do Paraná. Dessa forma, esses jovens iniciarão a correta administração desde o seu primeiro salário e terão sustentabilidade financeira.

Mas, os desafios são ainda grandes. São muitas as ofertas de produtos e serviços financeiros em diversos canais, o que gera facilidade para adesão. O risco é que as pessoas não fazem questionamentos básicos em relação às compras. Não se preocupando com qual é o valor dos juros que serão cobrados, ou se o ganho mensal é capaz de suprir tamanha despesa, por exemplo.

Na maioria das vezes, não se sabe a resposta dessas perguntas, devido a falta de conhecimento do mercado financeiro e de planejamento doméstico.

A falta de controle dos gastos gera um ciclo de endividamento e até mesmo a depressão, por não conseguir enxergar uma saída para tal situação.

Vamos ao exemplo do cartão de crédito, em um cenário sem e com os conceitos da educação financeira, respectivamente.

Uma pessoa que recebe R$2.000,00 de proventos, aceitou a proposta de adesão de três cartões de créditos, com anuidades de R$400,00 cada, parcelada em 12x, e com limites de R$ 5.000,00, R$ 4.000,00 e R$ 3.000,00.

Considerando que ela usou todos os cartões e seus limites para satisfazer desejos, sem considerar despesas antigas e fixas, rapidamente irá apresentar dificuldades de honrar com as dívidas, e passará a fazer parte daquela parcela da população com dívidas em atraso.

No mesmo cenário, a pessoa educada financeiramente irá aceitar no máximo um cartão de crédito, exigindo de limite, 50% do seu salário, no caso R$1.000,00, e dará preferência àquele com anuidade gratuita, oferecida pelos Bancos Digitais. Além disso, irá utilizá-lo somente quando o orçamento financeiro permitir, e de preferência para a realização de um sonho planejado.

Conforme exemplo acima, a pessoa educada financeiramente além de conhecer o seu orçamento financeiro e planejar as aquisições, conhece o valor dos juros provenientes do não pagamento, pagamento em atraso ou parcelamento do cartão de crédito, que podem chegar até 884,10% a.a., conforme informações do Banco Central do Brasil, evitando, dessa forma, futuras inadimplências.

E, como se tornar uma pessoa educada financeiramente? Sempre recomendo a metodologia DSOP, criada por Reinaldo Domingos e comprovada academicamente. Ela ensina a educação financeira por meio de quatro pilares, que são:

  • Diagnosticar – descobrir o “eu financeiro” através da identificação dos gastos, pelo apontamento de despesas.
  • Sonhar – fator motivacional do processo e um incentivo para a poupança. Recomenda-se três sonhos, sendo um de curto prazo (até 1 ano), um de médio prazo (até 10 anos) e um de longo prazo (acima de 10 anos. O composto forma a reserva estratégica, que pode ser usada em várias situações.
  • Orçar – criação de um orçamento real, com os sonhos antes das despesas, as quais serão reduzidas, através dos dados obtidos pelo apontamento de despesas.
  • Poupar – Deixar de gastar e rentabilizar o dinheiro, para realização dos sonhos. Um deles pode ser a independência financeira.

O caminho de mudança não é simples, como visto os desafios são muitos. Mas, felizmente já temos ações tendo início, como é o caso das escolas do Paraná. Contudo, é preciso que as pessoas percebam a real necessidade de mudar. Assim, ao aplicar os quatro pilares da Metodologia, é possível conseguir a tão sonhada  sustentabilidade financeira, evitando dessa forma, o endividamento e realizando mais sonhos e objetivos.

Paula Baldanzi Fowler – é educadora e terapeuta financeira franqueada da DSOP Educação Financeiro, Bacharel em Administração com MBA em Gestão Estratégica de Empresas e Mestranda em Educação Financeira pela Florida Christian University

Fontes:

https://www.bcb.gov.br/estatisticas/reporttxjuros?parametros=tipopessoa:1;modalidade:204;encargo:101

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