Apesar dos índices inflacionários oficiais estarem caindo, no mundo real o brasileiro está sofrendo um ‘nocaute financeiro’ diante à realidade inflacionaria. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação do país desacelerou em março, registrando alta de 0,16%. Com isso a inflação acumulada no ano está em 1,42%, já nos últimos 12 meses, os preços subiram 3,93%.
Contudo, será que essa é realmente a realidade das famílias? Basta ir na feira para ver. Os preços estão claramente mais claros, e isso reflete em números. o grupamento de Alimentação e bebidas foi o que registrou o maior impacto (0,11 p.p.) e a maior variação (0,53%). Assim, fica a dúvida: Será mesmo que essa inflação oficinal declarada pelo Governo Federal reflete na verdadeira oscilação de preços junto aos compromissos do dia a dia da família brasileira?
Certamente que a resposta é não! Se fizermos uma simples comparação de quanto você comprava em quantidade de produtos e serviços com R$ 100,00 no início de 202o, com o que compra no início de 2024, certamente vai constatar que a perda da capacidade de compra (poder aquisitivo) foi muito maior.
Estes aumentos provocaram repasses sucessivos em todas as áreas de consumo como alimentação, vestuário, educação, lazer, etc. Por outro lado, os aumentos salariais não tiveram elevações acumuladas superiores à 30% nesses últimos 5 anos, o que leva a um “nocaute financeiro dos brasileiros”, ou seja, a capacidade de compra está levando uma surra em relação aos aumentos.
O desafio agora é como vencer esse desnível. E para isso não se pode fugir da realidade, buscando soluções que podem ser aumentar os ganhos com rendas extras, o que não é tão simples assim, ou fazer uma grande faxina financeira e adequar a realidade a um novo padrão de vida. Nesse último caso é imprescindível envolver toda família e buscar por ação imediata.
É preciso colocar as mãos na massa, não se pode ficar apático esperando por um milagre ou uma mudança na economia que não acontecerá. Assim é preciso que os gastos sejam reduzidos para patamares que possam estar em equilíbrio com os ganhos.
Pode parecer complexo, mas na grande maioria das famílias com que trabalho observo que os excessos e desperdícios em todos os itens de nosso dia a dia podem chegar a 30% ou até 50% de tudo que se gasta, e isso em itens essenciais como água, luz, combustível, vestuários, etc.
Outro ponto de destaque em relação ao tema é para os investidores com dinheiro aplicado. Estes também perderam o poder aquisitivo, e seus rendimentos financeiros (juros) não estão sendo totalmente repostos frente à verdadeira inflação. Nenhuma aplicação consegue repor a perda do valor do dinheiro.
Essa situação financeira traz a certeza de que apenas as próprias pessoas, junto com seus familiares, podem resolver a situação de desequilíbrio financeiro. A mudança está em uma operação de guerra, entender que o dinheiro não aceita desaforo.
Para enfrentar a inflação é preciso tomar atitudes que reduzam os impactos da perda do poder aquisitivo, trocando de marcas, mudando os locais de compras ou outras ações. Sempre existe uma forma de comprar melhor e com economia verdadeira.
As famílias podem até mesmo estarem sofrendo ‘um nocaute financeiro’, mas como um pugilista ainda é possível levantar e reverter essa situação. Mas, isso requer muita atenção e mudança de comportamento e hábitos financeiros.
Um dos grandes antídotos e agentes motivadores para que todos os familiares se engajem nessa empreitada são os sonhos e propósitos (que dever ser individuais e coletivos). Por isso a importância da prática da educação comportamental financeira na mudança de vida.
Reinaldo Domingos é PhD em Educação Financeira, está à frente do canal Dinheiro à Vista presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira – ABEFIN) e da DSOP Educação Financeira. Autor de mais de 150 livros sobre o tema educação financeira, como o best-seller Terapia Financeira.
Fonte: Assessoria