Um em cada quatro pequenos negócios sofre com inadimplência, conforme levantamento do Sebrae.
Os pequenos negócios do Brasil enfrentam dificuldades com a saúde financeira. Segundo o levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), 25% sofrem com problemas de inadimplência, ante 23% registrados na edição anterior.
A pesquisa revela, ainda, que cerca de 30% das despesas das empresas inadimplentes são destinadas a dívidas em atraso. Para os microempreendedores individuais (MEIs), o percentual chega a 63%. A organização financeira é fundamental para que os pequenos negócios permaneçam no mercado e tenham um crescimento sustentável.
De acordo com a Serasa, o planejamento é o primeiro passo para concretizar uma ideia de negócio ou expandir uma empresa já consolidada. Por meio dele, é possível ter uma visão mais objetiva sobre fontes de receitas, investimentos, custos e despesas, reduzindo os riscos e aumentando a competitividade no mercado.
Uma empresa sem esse controle pode ter dificuldades em direcionar e administrar os processos e, consequentemente, ter prejuízos. Dados mais recentes do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, divulgados em julho, revelam que as micro e pequenas empresas acumulam o volume de 44,2 milhões de dívidas. Deste total, 29% foram contraídas com fornecedores e parceiros.
Para o vice-presidente de pequenas e médias empresas da Serasa, Cleber Genero, as organizações menores tendem a demorar mais tempo para se reerguer. Por isso, precisam planejar uma organização financeira e buscar soluções práticas que auxiliem a cobrança assertiva de clientes e a renegociação de dívidas com parceiros e fornecedores.
Ferramentas podem auxiliar na organização financeira
O planejamento financeiro deve funcionar como um roteiro que mapeia a situação atual da empresa, traçando os objetivos futuros e as estratégias para alcançá-los. Para isso, o Sebrae indica usar a tecnologia a favor da organização, a partir de ferramentas de gestão e tecnologias da informação.
Essas soluções podem ajudar a estimar o fluxo de caixa futuro, mapear investimentos, elaborar projeções precisas de venda e identificar os indicadores para avaliar a saúde e o êxito de um empreendimento. Além de possibilitarem uma visão estratégica do cenário financeiro, as ferramentas auxiliam na tomada de decisão e otimizam a eficiência operacional.
O diagrama BPMN (Business Process Model and Notation) é um exemplo de ferramenta que pode ser utilizada para a gestão do planejamento financeiro. O BPMN online auxilia na organização e na comunicação dos processos, identificando os entraves e gargalos a partir de uma visão panorâmica dos fluxos de trabalho, em todos os departamentos.
Erros podem ser evitados durante o planejamento
Há erros que podem ser evitados para garantir que o planejamento da micro e pequena empresa consiga ser retirado do papel e colocado em prática com sucesso. Não separar as finanças da empresa das pessoais pode ser um problema para os empreendedores, capaz de trazer prejuízos e colocar em risco a sobrevivência do negócio.
Para evitar o transtorno, é recomendável criar uma conta bancária de Pessoa Jurídica (PJ) e usá-la para gerenciar movimentação financeira do negócio. A Serasa aconselha estipular um valor de salário que o empreendedor pretende ganhar e fazer a gestão financeira da empresa com o restante.
Outro erro que deve ser evitado ao fazer um planejamento empresarial é não realizar um fluxo de caixa, como destaca a Serasa. Com ele, é possível registrar todas as movimentações, criar projeções de vendas e evitar prejuízos. Fazer o acompanhamento de estoque possibilita que a empresa tenha controle e equilíbrio das entradas e saídas.
A precificação errada dos produtos também pode ser um problema. Ela deve ser feita de maneira que cubra todos os custos e obtenha lucro no final. A Serasa alerta que colocar um preço baseado nos valores dos concorrentes é um risco de prejuízo e, consequentemente, falência.
Atenção aos empréstimos
Em algumas situações, os empréstimos podem ser necessários para garantir o funcionamento da empresa ou a realização de projetos específicos. Entretanto, se não planejados, podem levar ao endividamento e à falência.
Antes de pedir empréstimos ou financiamentos, é necessário avaliar a necessidade e verificar as opções disponíveis, estudando com cuidado as condições oferecidas. O Sebrae recomenda analisar qual instituição financeira apresenta menor taxa de juros e se as cooperativas de crédito, que são mais flexíveis na entrega do capital e na distribuição dos juros, têm algum pacote atrativo disponível.
Conforme conteúdo publicado pela Associação Brasileira dos Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), dez aspectos podem ajudar a garantir a saúde financeira dos negócios perante dívidas de empréstimos: organizar as finanças, ter uma reserva, renegociar, aproveitar a flexibilidade dos credores, viabilizar a negociação, usar argumentos jurídicos, priorizar dívidas essenciais, rever contratos, rever fornecedores e cortar despesas.
Fonte: Experta