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Mais de 70 milhões de inadimplentes: ter o nome sujo pode ser a solução? 

O crédito fácil e a falta de educação financeira no Brasil têm reflexos muito claros. Dados recentes do estudo inédito da Serasa Experian, divulgado dia 27, apontam que o número de brasileiros inadimplentes foi de 70,1 milhões, em janeiro de 2023. Um recorde histórico, para se ter ideia, a cinco anos atrás em janeiro de 2018 esse número era de 59,3 milhões. 

O que também preocupa é que os valores das dívidas saltaram de R$ 3.926,40, em janeiro de 2018, para R$ 4.612,30 em janeiro de 2023. Assim, a dúvida que fica é o nome sujo pode ser a solução para o inadimplente? 

A negativação em órgãos proteção ao crédito, como SPC e Serasa, pode assustar. Mas a preocupação excessiva pode piorar a situação, levando até mesmo a problemas de saúde. Por mais que possa parecer assustador, se estiver nessa situação, não se desespere. 

Este é o momento de traçar uma estratégia: começar a conhecer e reestruturar sua situação para tomar as providências necessárias para a mudança definitiva. 

Restrição ao crédito 

Nem todas as pessoas inadimplentes estão com o nome sujo. E por incrível que pareça, às vezes, as oriento: “peça para seu credor te negativar!” Parece estranho? Mas não é! Assim é possível abandonar o hábito de buscar cada vez mais crédito, seja com bancos ou financeiras. 

Com o crédito cortado, aprende-se a controlar todo o dinheiro que entra e sai, fazendo compras à vista. De forma planejada e consciente, acaba-se assumindo as rédeas da vida financeira. Mudar hábitos e comportamentos é o primeiro passo para o recomeço. 

Como lidar com o credor 

Em casos extremos, em que não existe possibilidade de negociações, o melhor a dizer para credores que estão cobrando e negativando o nome é: “devo, não nego. Pago quando e como puder”. Não se trata de dar calote, e sim de não se expor a uma negociação e, especialmente, a um acordo que não pode honrar. 

De pouco adianta ir aos feirões limpa-nome, conseguir 50% de desconto na dívida e parcelar em 10 vezes, se não tem condições de pagar a parcela. O acordo tem que caber no bolso, no orçamento mensal. 

A grande preocupação com a questão do nome sujo é em relação aos bens, lembrando que casa própria, terreno ou veículos quitados atrelados a dívidas não pagas podem ser arrolados, penhorados e irem a leilão. Portanto, priorize sempre o pagamento dessas dívidas, evitando a perda dos bens. 

Como resolver o problema? 

Para ajudar a resolver esse problema, elaborei uma sugestão de estratégia, passo a passo que pode ser tomada, mas lembro que cada situação tem suas individualidades que devem ser consideradas: 

  1. Faça um diagnóstico financeiro 

Conheça a quantia que entra e sai mensalmente. Anote todos os seus gastos por 30 dias e veja quais irá reduzir ou eliminar para quitar as dívidas. 

  1. Priorize as dívidas de valor  

Levante todas as dívidas que têm. As com bens atrelados e com juros mais altos devem ser priorizadas no orçamento para pagamento. 

  1. Tenha um orçamento que priorize as dívidas 

O pagamento das dívidas é prioridade frente as despesas cotidianas. Assim que receber o salário, separe a quantia mensal a ser poupada ou usada para pagar o credor, após a negociação. 

  1. Considere o crédito consignado 

Por ter juros baixos, o consignado pode ser alternativa para quitar as dívidas. Mas é preciso ter consciência de que o padrão de vida será drasticamente reduzido, já que a cobrança é feita diretamente na folha de pagamento. 

  1. Confira se o credor limpou seu nome 

Após o acordo, peça que o credor limpe seu nome. Legalmente, ele tem 5 dias para fazer isso, mas é importante acompanhar. 

  1. Tenha outros sonhos 

Limpar o nome deve ser um de seus sonhos, não o único. Tenha outros, de curto, médio e longo prazo e poupe para eles. 

  1. Guarde dinheiro com alguém de confiança 

Se guardar dinheiro em seu nome, será considerada uma penhora, ou seja, você perderá. Portanto guarde suas economias com alguém de extrema confiança. 

Reinaldo Domingos é PhD em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin – www.abefin.org.br) e da DSOP Educação Financeira (www.dsop.com.br). Está à frente do primeiro streaming de educação financeira do Brasil, o DFlix (www.dflix.com.br) e é autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira. 

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