O período de férias escolares, em janeiro e fevereiro, propicia a saída em viagem para muitas famílias cujos responsáveis dos pequenos conseguem conciliar as férias do trabalho, e para os jovens que já têm certa independência. O descanso e o lazer, no entanto, podem virar dor de cabeça, se não for feito e seguido um planejamento financeiro saudável. A boa notícia é que desde a escolha do destino até durante o passeio, é possível tomar medidas para não desestabilizar o orçamento. E o EXTRA reuniu dicas.
Já na primeira compra a ser feita para a viagem, há meios de economizar.
— A primeira tarefa é definir o destino para saber quais companhias fazem e com quais programas de fidelidade, para contar com a possibilidade de comprar parte da passagem aérea com milhas — orienta Jenni Almeida, estrategista financeira especializada em Harvard.
Mas não é só quem tem pontos de um cartão de crédito a converter que pode usufruir das milhas. A plataforma virtual MaxMilhas, por exemplo, permite comprar passagens aéreas com milhas que estão sendo vendidas por outras pessoas.
— Como as passagens emitidas com milhas costumam ser mais baratas do que as tarifas convencionais. É um processo em que todos saem ganhando, tanto o vendedor quanto o viajante que não tem milhas. As tarifas são, em média, 37% mais baratas do que nas companhias aéreas e podem chegar a valores até 60% menores — garante Juliana Abrantes, gerente comercial da empresa.
A escolha da hospedagem é outro ponto estratégico na planilha de gastos. Além da variação do custo da diária, o que ela oferece pode ser determinante. A influenciadora digital Amanda Antunes, de 30 anos, que atualmente recebe convites para conhecer o mundo, já teve que juntar dinheiro para fazer o que mais gostava. Da resposta que dava para suas amigas quando era chamada para ir às compras, surgiu o nome das suas redes sociais: Prefiro Viajar. E nesses tempos, também não contava com mordomia.
— Em muitos destinos, eu escolhia hospedagens com cozinha e comprava itens de mercado para cozinhar. Buscava hostels (também conhecidos como albergues) com quarto compartilhado, o que funcionava pra mim — diz.
Segundo Bebel Ritzmann, diretora nacional da HI Hostels, uma rede mundial de albergues, ficar em um quarto compartilhado pode render economia de até 50% em comparação às diárias de hotéis. Mas é importante o hóspede alinhar expectativas.
— Não deve esperar que sua cama seja arrumada ou que lavem suas louças em uma cozinha compartilhada.
Dicas para o planejamento
@prefiroviajar: A localização da hospedagem pode permitir fazer atividades a pé ou utilizar transportes públicos para os passeios.
@ladobviagem: Voos costumam ser mais baratos no meio da semana (terça ou quarta-feira), quando o dia não for feriado. Preços menores também podem ser encontrados em voos bem no meio de feriadões, quando ninguém voaria, como em um sábado à noite.
@ladobviagem: Se quiser contar só com wi-fi, certifique-se de que a hospedagem oferece uma boa internet inclusa no preço da diária.
Durval Meirelles: Se já está endividado, o ideal é esperar e pagar suas dívidas para, em outro momento, fazer um planejamento finaneiro e viajar.
Está com um pé no embarque?
Estudar o destino escolhido e planejar os gastos dentro de uma média diária são tarefas de quem busca não prejudicar os bolsos. A influenciadora digital Andrea Miramontes, do perfil @ladoviagem, recomenda:
— Se o plano é Europa, por exemplo, algumas empresas promovem city tours gratuitos, que permitem conhecer mais sobre o destino em poucas horas — diz ela, alertando que é de bom tom dar gorjeta, e continuando: — Alguns destinos têm museus gratuitos uma vez por semana ou por mês. Informe-se para programar a data da visita.
Comprar passeios antecipadamente, aliás, pode gerar desconto e condições especiais de pagamento.
Além disso, se for possível viajar com tudo pago já, essa é a melhor decisão.
— É o melhor dos mundos viajar sabendo que até se tiver uma emergência, tem uma reserva pra contar. Até porque quando sai de férias, se a pessoa é CLT, tem antecipação do seu próximo salário e precisará ter controle depois. E se é empresária, imagina se a empresa não roda tão perfeitamente com ela distante e não é possível tirar o pó-labore com que está acostumada? — sugere Jenny Almeida.
Para conseguir não gastar além, escolher o meio de pagamento a ser levado para a viagem é importante.
— Evitar levar cartão de crédito. Uma boa saída é levar um cartão pré-pago, se a pessoa tiver certa dificuldade de manter e honrar o limite de consumo — aponta Cintia Senna, educadora financeira DSOP.
Conselhos para a estadia
@ladobviagem: Em cidades com bom transporte público, aposte nele para conhecer os pontos turísticos e esqueça táxis. Procure saber se comprando tíquetes de transporte que dão direito a mais passagens há desconto. Mas cuidado: não compre além do que tem certeza do que vai usar.
@ladobviagem: Na Europa, se vai mudar de cidade ou país durante a viagem, considere ir de trem ou ônibus. Aeroportos ficam longe do centro, demandam o gasto para chegar até ele e tomam muito tempo, pois você deve chegar com horas de antecedência. Plataformas de ônibus e trem costumam ser melhor localizadas. E se for uma viagem de mais de quatro horas, você pode escolher um tíquete noturno, para dormir e economizar uma noite de hospedagem.
@prefiroviajar: Leve sempre lanches na bolsa. Passando no mercado no início da viagem, é possível comprá-los por preços mais baixos ou mesmo adquirir os ingredientes e montar sanduíches. Comida de rua e restaurantes locais costumam ser mais baratos do que os turísticos e também proporcionais experiências culturais ricas.
No que não economizar
Durval Meirelles: Faça um seguro para a viagem. Podem surgir doenças ou acidentes, que serão cobertos pelo seguro.
Cintia Senna: Ao pagar antecipadamente passeios, hospedagens e afins, observe as regras de devolução de pagamento em situações de desistências, problemas de saúde ou fenômenos naturais que possam acontecer e impedir a viagem.
Na volta pra casa, reorganizar as finanças
Ao voltar de viagem, as tarefas não acabaram, principalmente se foram feitas compras no cartão de crédito ou se o orçamento foi estourado.
— É preciso olhar o que ganha e o que gasta no mês a mês, incluir prestações ou dívidas assumidas na viagem e ver como ficará o saldo. Se negativo, deve ver de forma antecipada quais despesas reduzir, eliminar, e como honrar com os compromissos — aponta Cintia Senna.
Mesmo que tudo já tenha sido pago, fazer uma avaliação em família é primordial, explica ela:
— Conversar sobre quais foram os pontos positivos, quais são os pontos para melhoria e, a partir daí, começar a desenhar a estratégia para as próximas viagens.
Afinal, o ideal mesmo é planejar o passeio antecipadamente, diz Durval Meirelles, professor de Economia da Veiga de Almeida:
— Ao menos de três a seis meses antes, coloque no papel todo o roteiro, com os valores definidos para guardar mensalmente recursos, uma espécie de minipoupança para a viagem.
Orientações até o próximo destino
Jenny Almeida: Comece 18 meses antes a definir o destino, o tempo que viajará, e se haverá mudanças de cidades e países. Neste intervalo de tempo, avalie milhas, intensifique compras no cartão de crédito, procure promoções em datas especiais e logo após feriados.
@prefiroviajar: Muitas pessoas acham que milhas se resume a compras de passagem área com o cartão de crédito, mas na verdade você consegue acumular milhas com compras on-line no seu dia a dia, abastaecendo carro etc.
Cintia Senna: Não é para fazer gastos além do que se tem de necessidade simplesmente para gerar pontos no cartão de crédito.
Cintia Senna: Com um ano de antecedência no planejamento, comece o orçamento dos gastos da viagem. Assim, é possível reservar o 13º salário e um terço das férias para os pagamentos futuros.
Cintia Senna: Definido o montante que será preciso, avalie como ele pode ser obtido, se será preciso eliminar algum gasto mensal ou obter renda extra, e coloque o dinheiro que for juntando em aplicações conservadoras, como caderneta de poupança, Tesouro Selic, CDC com liquidez diária.
@prefiroviajar: Viajar entre temporadas permite pegar dias ainda ensolarados por preços mais em com conta. Costuma funcionar em destinos de praia.
Jenny Almeida: É bom comprar de forma gradativa a moeda ou enviar o dinheiro para a conta no exterior para não ficar sujeito à oscilação desfavorável da moeda ou aproveitar bons momentos para conversão.
Intercâmbio pode ser experiência econômica
Com antecedência e planejamento, uma boa dica para quem gosta de viajar é procurar programas de intercâmbio para trabalho. Foi assim que Amanda Antunes, estudante universitária, fez sua primeira viagem por conta própria em 2011. Com a renda do estágio e dos bicos que fazia (e com a cotação do real frente ao dólar a favor dela), juntou R$ 3 mil e foi para a Disney.
— Um dólar custava R$ 1,70. Era o programa de intercâmbio mais barato que existia na época. Você pagava basicamente a passagem aérea e conseguir arcar com o aluguel e o custo de vida nos Estados Unidos com o salário semanal que recebia nos parques.
Antes de topar o desafio, porém, é necessário pesquisar se a oferta é segura, amparada por uma empresa séria, com avaliação e depoimentos positivos na internet, e conversar com quem já foi e pedir fotos. Também vale pesar se com a carga horária e o salário do trabalho ainda será possível ter momentos de lazer e de turismo no destino.