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Dívida é dinheiro – veja como usá-la ao seu favor!

Por: Reinaldo Domingos

Análises relacionadas ao dinheiro e dívidas, geralmente são polêmicas, contudo, é preciso um olhar mais amplo sobre o assunto. Em uma visão histórica é possível perceber que as dívidas nascem praticamente junto com o dinheiro. O empréstimo é uma atividade que já era praticada pelos sumérios e gregos.

Lógico que com a evolução da economia isso tomou novas proporções, principalmente com o aparecimento dos bancos e a evolução da estrutura financeira. Contudo, uma coisa comum nesse período todo é a conotação negativa das dívidas. Mas, será que isso é real?

Quando pensamos no descontrole financeiro, isso realmente não é interessante, tanto é que atualmente temos milhões da brasileiros inadimplentes. Contudo, ter dívidas, ou melhor, crédito controlado, podem ser um grande aliado do ter dinheiro.

Como um estudioso dos temas crédito e dinheiro, posso dizer que ambos trazem em suas essências forças equivalentes, ambos compram, ambos realizam projetos, ambos trazem os juros seja contra ou a favor das pessoas.

Fiz muitas análises sobre as pessoas que conquistaram os maiores patrimônios ao longo de suas vidas e observei que, quase sempre essas pessoas conseguiram atingir seus objetivos usando as dívidas ao seu favor. Com isso conquistaram mais do que aqueles que ao longo de suas vidas não ousaram em contrair dívidas ou prestações.

Muitos podem perguntar, mas, quem tem dívida, paga juros e quem paga juros gasta mais dinheiro e quem gasta mais dinheiro, realiza menos sonhos e prazeres na vida. Eu mesmo já acreditei nisso, porém ao analisar a fundo minha trajetória de vida e me aprofundando nos estudos, pude observar que não é bem assim.

Observei que, na verdade, sempre gostei de fazer dívidas controladas, que pudessem me dar a condição de não gastar meu dinheiro, acumulando-o ao longo do tempo. Assim, usei dinheiro de terceiros, fazendo financiamentos alongados e até mesmo compras a prazo. Com isso, conquistei mais autonomia financeira, ou seja, quanto mais reservas financeiras somei, mais forte e sustentável me tornei.

E assim foi até alcançar minha independência financeira (aos 37 anos), mesmo com dívidas, sempre me mantive sustentável. Um exemplo foi a aquisição do meu primeiro apartamento. Quando o adquiri tinha o equivalente a quatro vezes seu valor total e nem por isso o adquiri à vista. Fiz um financiamento de vinte anos e honrei as prestações nesse período enquanto continuava a acumular minha reserva financeira.

Outra prática que pratico até hoje é buscar sempre pelo preço à vista e pagar parcelado, assim se consegue pagar o menor preço e de acordo com a capacidade de pagamento do orçamento financeiro.

Na educação financeira o negócio é comportamento e saber usar o dinheiro e o crédito como grandes aliados. As pessoas não podem comparar os juros de um financiamento de uma casa própria com os juros de rendimento de uma aplicação financeira.

Já tive diversos debates com especialistas que entendiam que entre financiar um imóvel ou pagá-lo à vista, esta última opção era a melhor, independentemente se a pessoa fosse ficar descapitalizada, ou seja sem dinheiro algum. Afirmo, esse é um erro clássico junto ao universo de educação financeira. Ao estar descapitalizada as pessoas corre maiores riscos de um descontrole financeiro muito mais grave.

Um ponto que quer destacar é em relação às grandes fortunas, em sua grande parte são formadas por grupos endividados. É só olhar para as instituições financeiras, que capitam dinheiro com seus clientes, ou seja, pega o dinheiro emprestado com os investidores (se tornando devedoras) e emprestam esse dinheiro para quem necessite, fazendo-os se tornarem devedores. Eu uma ação simples e que não é errada.

Até na compra de ações a pessoa está empreendendo em uma empresa, emprestando dinheiro para ela, acreditando que a partir daí vai usar seu dinheiro para o seu desenvolvimento, assumindo assim o compromisso de pagar dividendos e juros sobre o dinheiro empreendido.

O próprio Governo Federal faz dívidas, quando pega dinheiro emprestado das pessoas físicas por meio do Tesouro Direto. Pois nesse caso o governo deve para essas pessoas e paga juros que, por muitas vezes, são de longuíssimos.  

Como pode ver, as dívidas existem nos mais variados lugares tendo o mesmo peso do que o dinheiro em si. Mas, é preciso entender que é preciso ter dívidas inteligentes e saudáveis, tendo capacidade de honrá-las e saudá-las nos prazos estabelecidos, simples assim.

Outro ponto que é importante em relação ao tema é que muitas pessoas querem antecipar o pagamento de dívidas, principalmente em caso de financiamento. Essas pessoas criam um sonho, de quitar as prestações de trinta anos na metade do tempo.

Fazendo algo que não haveria a menor necessidade, antecipando as parcelas finais, justificando que estão deixando de pagar juros futuros em prol da descapitalização do presente. Ou seja, deixa de acumular reservas financeiras, ficam totalmente vulneráveis a imprevistos que possam surgir pela frente.

Essas pessoas afirmam que não conseguem conviver com dívidas ou prestações, mas esse não é o melhor caminho. Pois, com isso as pessoas não conseguem acumular dinheiro ou melhor, criar reservas financeiras. Falta a maioria da população o hábito de poupar, conquistando a sensação de estar no comando das finanças. Sabendo que, mesmo com as dívidas podem realizar muitos sonhos com o dinheiro guardado, tendo uma vida mais segura e sustentável financeiramente.

Como pode ver, ter dívidas não é um problema, desde que se tenha essas à favor de um futuro financeiramente sustentável. Pois, essa pode ser uma a aliada da condição de ter dinheiro poupado para hoje e para o futuro.

Reinaldo Domingos está à frente do canal Dinheiro à VistaÉ PhD em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira ABEFIN e da DSOP Educação Financeira. Autor de mais de 100 obras sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira.

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