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Como falar sobre dinheiro com crianças? Veja o passo a passo!

Muitas pessoas acreditam que falar sobre dinheiro com crianças é desnecessário ou até mesmo inadequado. Mas a verdade é que a educação financeira é uma habilidade importante que deve ser aprendida desde cedo. 

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), apenas 22% dos pais conversam regularmente com os filhos sobre finanças.

Para ajudar nessa missão, elaboramos um passo a passo com tópicos que podem ajudar a abordar o assunto de maneira lúdica e eficaz. Acompanhe!

Por que falar de dinheiro com crianças?

Falar sobre dinheiro com crianças é uma importante responsabilidade dos pais e cuidadores, porque ajuda a estabelecer uma base sólida para a educação financeira ao longo da vida

Além disso, a falta de conhecimento financeiro pode levar a problemas como dívidas, falta de controle sobre as finanças pessoais e dificuldade em alcançar objetivos. Ao ensinar as crianças sobre o dinheiro e como gerenciá-lo, estamos preparando-as para um futuro financeiramente saudável.

Mas, mais do que apenas ensinar sobre dinheiro, falar com as crianças sobre finanças pode ser uma oportunidade para ensinar sobre valores, responsabilidade e trabalho. 

Dialogando sobre economia, também ensinamos sobre ética e cidadania, que são habilidades importantes para a vida em geral.

Importância da educação financeira desde cedo

Ensinar educação financeira desde cedo é fundamental porque contribui com habilidades que vão além da lida com o dinheiro. Explicamos.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a educação financeira não se trata apenas de aprender a controlar o orçamento. É isso também, mas o debate avança para o desenvolvimento de competências complementares: boa tomada de decisão, habilidade com planejamento, raciocínio lógico e matemático, responsabilidade, autonomia e autocontrole. 

Do mesmo modo, a educação financeira é uma maneira de transmitir valores como a importância do trabalho, da ética, da solidariedade e do consumo consciente. Tudo isso pode ter um impacto positivo não apenas na vida financeira, mas também na vida pessoal e social das crianças

Estudos mostram que a falta desse tipo de conhecimento, inclusive, pode afetar negativamente até mesmo a saúde física e mental das pessoas. Isso porque o dinheiro está profundamente atrelado ao bem-estar. E não saber lidar com ele significa, na prática, desorganização e cenários caóticos resultantes de problemas com dívidas. 

Portanto, a educação financeira desde cedo é uma forma de preparar as crianças para um futuro mais próspero, saudável e sustentável.

Adicionalmente, uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos sobre Finanças Pessoais da Universidade Estadual de Montana, nos Estados Unidos, mostrou que pessoas que receberam educação financeira desde cedo têm maior probabilidade de economizar dinheiro, pagar suas contas em dia e evitar dívidas desnecessárias.

Como ensinar o valor do dinheiro para os filhos?

Ensinar o valor do dinheiro para os filhos pode ser feito de forma lúdica, prática e, principalmente, com o exemplo e orientação dos pais. Ao usar a estratégia do exemplo, mostre que o dinheiro é escasso e que existem diferenças entre vontades e necessidades.

Uma boa maneira de começar é explicar que o dinheiro serve para comprar coisas, mas que é preciso economizá-lo para realizar sonhos maiores. É importante também envolver as crianças nas decisões financeiras da família, como fazer uma lista de compras e comparar preços no supermercado. 

Com essas práticas, elas começarão a entender o valor do dinheiro e como administrá-lo de forma eficiente.

Como falar de dinheiro com crianças de maneira lúdica

Existem diversas maneiras de falar de dinheiro com crianças de forma lúdica, e algumas delas são usando dinâmicas sobre economizar dinheiro, livros e jogos. Veja a seguir.

Dinâmica sobre economizar dinheiro

Uma dinâmica interessante para ensinar sobre economia de dinheiro para crianças é utilizar um pote de vidro transparente para simbolizar a poupança. Peça para ela guardar uma parte do dinheiro que recebe e, a cada semana, faça uma contagem do valor economizado. 

A ideia é mostrar para a criança que é possível guardar dinheiro e que essa economia pode resultar em algo que ela queira muito, como um brinquedo ou um passeio.

Livros sobre dinheiro para crianças

Existem diversos livros infantis que abordam o tema do dinheiro de forma lúdica e educativa. Alguns exemplos são:

  • O Menino do Dinheiro, de Reinaldo Domingos;
  • O Pulo do Gato, de Tatiana Amaral;
  • O Mercado de Pulgas, de Luis Fernando Veríssimo.

Esses livros podem ser lidos em família e ajudam a iniciar conversas sobre dinheiro com as crianças de maneira leve e descontraída.

Jogos interativos  

Jogos interativos e brincadeiras são formas eficientes de falar de dinheiro com crianças. Para as mais velhas, os jogos de tabuleiro podem ensinar muito. Já as menores podem aprender bastante com o tradicional faz de conta. Veja alguns exemplos.

Para Crianças Maiores

Jogos de tabuleiro são uma forma legal de ensinar em família, veja alguns exemplos.

  • Um exemplo de jogo de tabuleiro é o Monopólio, onde os jogadores compram e vendem propriedades e lidam com dinheiro virtual. 
  • Outro jogo interessante é o Jogo da Vida, onde os jogadores simulam uma vida, desde o nascimento até a aposentadoria, lidando com diferentes situações financeiras ao longo do caminho.

Além dos jogos de tabuleiro, há também os digitais. 

  • Um exemplo é um projeto criado por um analista de marketing da Serasa Experian, que visa transformar o site educacional e o aplicativo móvel da empresa em um jogo que incentiva os clientes a melhorar suas habilidades financeiras. 

O jogo oferece descontos em produtos para quem pontuar mais e tem como objetivo ajudar inúmeros cidadãos brasileiros com dificuldades em administrar seus orçamentos e dívidas. O projeto foi escolhido pela One Young World como um dos cinco embaixadores da Experian.

  • Outro exemplo é o Meu Bolso em Dia, do Banco Central. Trata-se de uma plataforma que inclui um jogo que ajuda os usuários a aprender sobre gestão financeira de uma forma divertida e interativa. O jogo foi criado para ensinar os usuários sobre orçamento, poupança e investimento, entre outros tópicos financeiros.

Para Crianças Menores

Agora, se a criança for mais nova e ainda não estiver na idade de jogar jogos de tabuleiro ou digitais, engaje em brincadeiras lúdicas – como um mercado de mentirinha ou até mesmo um faz de conta entre atendente de loja e cliente

Aproveite o momento do pagamento da compra na brincadeira para falar sobre valores, descontos ou até mesmo parcelamentos — de forma divertida.

Plataformas educativas

O uso de plataformas educativas é uma excelente ferramenta para a educação financeira das crianças. Atualmente, diversas empresas têm desenvolvido soluções digitais que utilizam jogos e atividades lúdicas para ensinar conceitos básicos de finanças pessoais, como poupança, planejamento financeiro e investimentos.

Como falar sobre dinheiro com crianças: passo a passo

A educação financeira é uma habilidade importante que deve ser ensinada às crianças desde cedo. No entanto, muitos pais e responsáveis têm dificuldade em falar sobre dinheiro com seus filhos de maneira clara e eficaz. 

É interessante lembrar que 43% da população brasileira não faz controle financeiro e 25% não consegue pagar todas as contas em dia, segundo uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil em 2020. 

Esse alarmante dado mostra como é fundamental que as crianças aprendam desde cedo como administrar o orçamento para evitar problemas financeiros no futuro. 

Para ajudar nessa tarefa, apresentamos um passo a passo de como falar sobre dinheiro com crianças de maneira educativa e eficiente. Acompanhe!

1. Ensine como as coisas funcionam: trabalhar, ganhar dinheiro e comprar.

Já na primeira infância, as crianças começam a pedir por coisas aos seus responsáveis – como brinquedos, alimentos específicos ou roupas e acessórios. Afinal, os pequenos também são impactados por anúncios publicitários e por aquilo que observam ao seu redor.

Essa fase demonstra, além da curiosidade, alguma noção em relação à obtenção de bens. Portanto, aproveite para começar a explicar que coisas custam dinheiro e de onde ele vem.

  • Ao falar sobre dinheiro com as crianças, é importante explicar como ele é obtido: adultos recebem dinheiro por meio do trabalho. 
  • De forma simples e lúdica, vale se aprofundar nessa parte ensinando um pouco sobre como as pessoas fazem uma tarefa e ganham uma recompensa. Assim, a origem do dinheiro pela relação do labor torna-se mais clara. Aqui, é importante usar exemplos práticos citando profissões com as quais as crianças já estão mais familiarizadas, como as de professor ou de médico.
  • A partir do momento que a criança compreende que o dinheiro vem do trabalho dos adultos, é interessante apontar como tudo custa dinheiro e por isso é necessário usá-lo com sabedoria. Se for pertinente, vale a pena introduzir a mesada na explicação.  
  • Por fim, lembre-se que a educação financeira é baseada em 4 pilares: como ganhar, como gastar, como guardar e como doar. Resgatar esse conceito numa linguagem simplificada para falar com as crianças é fundamental. 

Tome Cuidado Com O Que Você Fala E Tente Uma Abordagem Positiva

Ter uma abordagem positiva ao falar sobre dinheiro com as crianças significa evitar associar o dinheiro com algo negativo ou ruim. Em vez disso, é importante enfatizar a importância de aprender a administrar o dinheiro de forma responsável e consciente.

Uma maneira de ter uma abordagem positiva é mostrar exemplos de como o dinheiro pode ser usado para realizar coisas boas, como viajar ou ajudar outras pessoas. Também é importante reconhecer e elogiar as boas escolhas financeiras das crianças, em vez de apenas apontar os erros.

2. Explique a diferença entre precisar e desejar uma compra

As crianças precisam aprender a diferença entre necessidade e desejo. Explique que uma necessidade é algo necessário para a sobrevivência, como alimentação e moradia. Já um desejo é algo que não é essencial, como um brinquedo ou um videogame. Ensine que é importante priorizar as necessidades antes dos desejos.

3. Ensine sobre controle financeiro: o que é e como fazer

Controle financeiro é o ato de monitorar o dinheiro que entra e sai, para poder administrá-lo de forma eficiente. Explique para as crianças que é importante saber para onde o dinheiro está indo e quanto está sendo gasto. 

Mostre como criar um orçamento e como registrar as despesas para manter um controle financeiro saudável. Aqui a dica é usar números simples e exemplos fáceis de entender

4. Dê mesada, um cofrinho e explique como vai funcionar

A mesada é uma forma bastante prática e eficiente de ensinar uma criança a administrar o próprio dinheiro. 

  • Comece explicando que o pequeno vai receber uma quantia semanal ou mensal e que ele será  responsável por gerenciar esse valor. 
  • Numa abordagem simplificada, ensine que agora a criança pode usar o dinheiro para fazer determinadas compras – coisas que são previamente autorizadas pelos pais, como por exemplo comprar um doce ou um acessório para usar na escola.
  • Ainda, explique que a criança pode optar por não gastar todo o dinheiro e que pode guardar uma parte dele toda vez que receber a mesada. Assim, ela acumula os valores e compra algo maior no futuro. 
  • Aqui entra o cofrinho, uma maneira bem visual de  incentivar a poupança.

Com Qual Idade Começar A Dar Mesada?

A idade certa para começar e a quantia adequada dependerão da realidade de cada família. Contudo, pode-se dizer que a partir dos 5 anos já é possível introduzir uma mesada ou uma semanada, por exemplo.

Quanto Dar De Mesada?

Em relação ao valor, você pode considerar R$1 por semana para cada ano da criança.  Ou seja, se a criança tem 5 anos, considere dar R$5 por semana. Não se esqueça de manter a frequência combinada.

Com Qual Frequência Dar Mesada? 

A mesada pode ser semanal ou mensal para fazer parte da rotina. Mas o mais importante é cumprir o prazo combinado.

Isso porque a previsibilidade é fundamental para que a criança vá entendendo os conceitos do controle do orçamento na prática. 

Em outras palavras, ela passa a compreender mais facilmente o que precisa fazer para o dinheiro durar até o próximo recebimento. 

Castigo E Recompensa Não Devem Envolver A Mesada

Um detalhe importante é evitar punir ou castigar as crianças retirando a mesada. Além de prejudicar a prática do controle orçamentário, isso pode desenvolver inseguranças que se manifestam na vida profissional adulta e até na relação com o dinheiro. 

O contrário também. Incentivar bons comportamentos com dinheiro pode acabar criando um hábito bastante ruim, no qual a criança sempre esperará por compensação financeira ao fazer atividades básicas – como autocuidado, por exemplo.

5. Incentive a poupança e o planejamento financeiro desde cedo

Incentive as crianças a criar metas financeiras e a poupar dinheiro para alcançá-las. Mostre como o planejamento financeiro pode ajudar a alcançar essas metas, seja comprando algo que se deseja ou guardando dinheiro para o futuro. Envolva as crianças em decisões financeiras da família para que elas possam aprender mais sobre orçamento e planejamento financeiro.

6. Mostre como economizar

É como diz o ditado: a palavra convence, o exemplo arrasta. Mostre às crianças como é possível economizar dinheiro com simples decisões da rotina de casa: 

  • comprando produtos em promoção, 
  • consertando ao invés de comprar algo novo, 
  • evitando desperdícios e
  • comparando preços. 

Explique como economizar dinheiro evita desperdício e ajuda a ter mais recursos para outras coisas, como alcançar metas ou fazer uma reserva.

Em resumo, ensinar educação financeira para as crianças é um investimento valioso no futuro delas. Ao adquirirem noções básicas de finanças desde cedo, elas estarão mais preparadas para lidar com o dinheiro no futuro, evitando dívidas e problemas dessa natureza. 

E o melhor de tudo é que existem diversas ferramentas e recursos disponíveis, como jogos e plataformas educativas, que podem tornar esse processo ainda mais divertido e lúdico. 

Lembre-se, porém, que a educação financeira é um processo contínuo e que deve ser incentivado em todas as etapas da vida.

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