Os jovens têm culpado o alto custo de vida e, cada vez mais, nutrem menos a expectativa de adquirir a casa própria tão cedo. Além disso, abrem mão de sair com os amigos para reduzir gastos.
Um novo estudo realizado pelo Bank of America revelou que quase metade da geração Z – nascidos entre 1995 e 2009 – recebe suporte financeiro dos pais. Chamado “The State of Gen Z’s Financial Health” [O estado da saúde financeira da geração Z, em tradução], o estudo foi publicado em 10 de julho e destaca que 46% dos jovens dessa geração, entre idades de 18 a 27, ainda dependem dos pais financeiramente por não ganharem dinheiro o suficiente para terem sua independência financeira.
O time de pesquisadores descobriu que 52% dos participantes admitem não receber o necessário para se sustentar, e culpam o aumento do custo de vida. Muitos optam por adiar metas significativas de vida e mais da metade afirmam não ter reservas de emergência suficientes para cobrir três meses de despesas.
Enquanto alguns afirmam ainda estarem buscando alguns marcos de vida, 50% dizem não estarem guardando dinheiro para um imóvel próprio, 46% não possuem poupanças de aposentadoria e 40% não estão no radar para começar a investir. Entretanto, alguns se adaptam de formas diferentes para compensar a inflação.
Foi analisado que 43% optam por fazer menos refeições fora de casa e 24% fazem as compras do mês em supermercados mais em conta. Além disso, 27% renunciam a eventos com amigos, em uma nova trend chamada de “loud budgeting”, algo como o oposto da “ostentação”, que envolve ser honesto com os amigos e dizer quais eventos cabem ou não em seu orçamento pessoal.
Analistas bancários chamam essa estratégia de “trading down”, uma forma de lutar contra os preços em alta, algo que cada vez mais a geração Z e millenials buscam com a esperança de conquistar a liberdade financeira. “Apesar dos obstáculos enfrentados pelo custo de vida, norte-americanos mais jovens estão mostrando disciplina e prospectivas a respeito de seus padrões de gastos e economias”, pontua a presidente da área de varejo do Bank of America, Holly O’Neill.
“É essencial que continuemos empoderando a geração Z para trabalhar em direção à aquisição de sua saúde financeira e de encontros com seus objetivos de longo prazo”, completa.
Suporte parental
A jornada para liberdade financeira da geração Z está levando algumas moedas do bolso dos familiares. Metade dos jovens ainda moram com os pais e não pagam aluguel. Entre os 46% que pegam, quase dois terços admitem que gastam mais de 30% de seu orçamento mensal em aluguel e duas a cada dez pessoas reportam que investem mais de 51% da renda pessoal em gastos domésticos, como o aluguel.
Segundo o The New York Post, o “loud budgeting” tem sido eficaz para jovens adultos em seus 20 e poucos anos que apresentam dificuldades em seres mais estritos com suas finanças. Também ajuda a criar limites saudáveis com os grupos de amigos, considerando que 63% deles dizem não se sentirem mais pressionados a gastar demais quando saem.
A maioria dos participantes da geração Z dizem se sentir preparados para lidar com finanças básicas graças a algumas mudanças de estilo de vida. Cerca de 70% se mantém dentro de um limite de gastos atualmente e 66% estão em busca de melhor administração de seu crédito.
Educação financeira é importante desde criança
Conversar com seu pequeno da geração Alpha é importante para que ele tenha uma relação saudável com finanças no futuro. Veja algumas formas de fazer isso:
- Ensine organização: antes de ir ao mercado, incentive seu filho a participar da criação da lista. Essa preparação é importante para que ele perceba que existe um processo racional antes da compra.
- Incentive a compartilhar: um dos piores exemplos a serem utilizados ao ensinar finanças é o Tio Patinhas, sabia? O dinheiro não deve ser colocado como objeto de adoração e o avarento não é uma pessoa educada financeiramente. A criança precisa aprender a doar e a ter empatia, se quiser ser bem sucedida lá na frente.
- Permita que ele sonhe: o que motiva uma pessoa, independentemente da idade, a gastar menos são seus sonhos e propósitos. Seu filho só começará a tomar um banho mais curto quando souber que isso custa dinheiro. E, principalmente, que para ter o videogame ou a viagem dos sonhos dele, todos os membros da família têm de poupar juntos.
Fonte: Reinaldo Domingos, presidente da Associação de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN)