Por: CNN Brasil
Após o “sim”, é preciso também falar de boletos. Segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE, 57% dos divórcios realizados no Brasil na última década foram motivados por problemas financeiros.
Uma pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em parceria com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e com o Banco Central do Brasil (BCB), publicada em 2019 apontou que casais não têm o hábito de comentar ou pouco discutir o orçamento da casa: entre os participantes, 21% só toca no assunto quando a situação financeira não está boa e 15% nem sequer falam sobre isso.
Em outro levantamento do CNDL sobre o orçamento familiar feito em 2020, três em cada dez entrevistados admitiram que escondem compras do parceiro. Entre os gastos omitidos, 32% citaram roupas, calçados e acessórios; já 27% elencou maquiagens, perfumes e cosméticos 25% disseram comida ou guloseimas. A justificativa para 45% dos entrevistados foi “evitar brigas ou conflitos”.
Para que o dinheiro se torne um problema, especialistas consultados pelo CNN Brasil Business dão dicas sobre como incluir a organização financeira na rotina do casal:
Conversar sobre dinheiro
Para conciliar os gastos, ganhos e desejos de duas pessoas, é preciso diálogo. Segundo o consultor financeiro da fintech Leve, Luiz Gustavo Stachowoski, é preciso que ambos sejam abertos e conversem regularmente sobre os ganhos e gastos de cada um para poderem organizar as despesas em conjunto.
Para o presidente da Abefin (Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira), Reinaldo Domingos, esse tema pode ser abordado desde o início do relacionamento, mas torna-se essencial nos momentos em que o casal planeja algo fora do cotidiano, como casar, morar juntos ou viajar.
Nos casos de casais com filhos, os especialistas são unânimes em apontar que crianças e adolescentes devem ser incluídos nas conversas. Stachowoski explica que “não é preciso entrar em muitos detalhes com os filhos, mas é importante que eles saibam da situação financeira da família”.
Domingos avalia que “os desejos de todos os membros da família precisam ser priorizados na organização de um orçamento”, e que não existe uma idade certa para que os filhos participem dessa conversa porque essa inclusão educa financeiramente e apresenta para crianças e jovens o processo de poupar dinheiro para a realização de sonhos.
Orçamento
Segundo Stachowoski, “o planejamento financeiro é tão importante na vida a dois quanto na vida individual”, por isso, é necessário que os valores recebidos e gastos por cada um dos cônjuges sejam levados em consideração para se estabelecer um orçamento.
Um orçamento tradicional, que Domingos define como “receber, gastar e depois pensar no que fazer com o que sobrar”, não é o mais indicado. Ele explica que valores para aposentadoria, sonhos, parcelamentos e para uma reserva financeira precisam ser definidos antes mesmo dos gastos.
“Para isso, a família precisa ter propósitos bem definidos e dialogar frequentemente sobre o planejamento”.
Divisão de despesas
Os membros do casal podem receber salários parecidos, ou muito diferentes, e também é possível que apenas um deles receba alguma remuneração enquanto a outra parte é responsável pelo trabalho doméstico.
Por isso, não há uma forma única de dividir as despesas entre um casal. Segundo os especialistas consultados, a solução varia conforme o diálogo e o acordo feito em cada caso.
A sugestão do diretor da Abefin é de que casais com rendas muito próximas dividam de forma igualitária, “para evitar dificultar um assunto que costuma ser visto como complicado por muitas pessoas”.
Já em casais com rendas muito diferentes, a divisão proporcional das despesas é a mais indicada pelo consultor financeiro da Leve.
“Nesse caso, a pessoa paga proporcionalmente ao recebimento, ou seja, a pessoa A vai pagar 60% do total das contas e a pessoa B, 40%. Independente da forma escolhida, o importante é sempre haver diálogo para que ninguém se sinta prejudicado ou injustiçado”.
A segunda forma de divisão permite que os cônjuges tenham proporcionalmente a mesma capacidade de economizar dinheiro para os planos e gastos individuais, o que Stachowoski chama de “dinheiro livre de cobranças”. Valor que também precisa estar no orçamento estabelecido pelo casal.
Transparência
O equilíbrio entre os perfis financeiros dentro do casal é muito relevante para a saúde econômica do relacionamento. Para isso, transparência e conversas frequentes sobre o tema são essenciais, dizem os especialistas.
Stachowoski afirma que, apesar de parecer um assunto difícil, a solução é manter o diálogo quando ambos estiverem “calmos e em um ambiente tranquilo, livre de pressões”.
*Supervisionado por Ana Carolina Nunes