Possibilidade de receber mais cedo o valor devido pela Receita Federal é atraente, mas carrega consigo riscos e considerações importantes que não devem ser ignoradas
Às vésperas do início do período de entrega da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física, muitos contribuintes se veem tentados pelas ofertas de antecipação da restituição. A possibilidade de receber mais cedo o valor devido pela Receita Federal é atraente, especialmente para quem enfrenta apertos financeiros ou deseja liquidar dívidas. No entanto, essa antecipação carrega consigo riscos e considerações importantes que não devem ser ignoradas.
Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), adverte sobre o uso precipitado dessa restituição. “Dinheiro extra deve ser a base para iniciar um planejamento e poupança, pensando no futuro. Usar a restituição para gastos imediatos ou para quitar dívidas combate apenas o efeito do problema, não a causa”, explica Domingos.
A antecipação da restituição funciona como um empréstimo, onde o valor devido pela Receita Federal serve de garantia. Apesar dos juros mais baixos, cerca de 1,5% a 2%, e do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) aplicáveis, é crucial que o contribuinte esteja atento ao calendário de restituição e às condições do contrato com o banco.
Um dos riscos envolvidos é a possibilidade de a declaração cair na malha fina da Receita Federal, o que acarretaria em juros e multas adicionais para o contribuinte. “Cair na malha fina é mais fácil do que parece, principalmente com o aumento dos cruzamentos de informações pela Receita”, alerta Domingos. Por isso, é essencial que a declaração seja preenchida com precisão e, se possível, com o auxílio de especialistas contabilistas.
Para aqueles que decidem prosseguir com a antecipação, Domingos recomenda preparar e entregar a declaração o quanto antes, para ajustar possíveis inconsistências identificadas pelo sistema da Receita. Além disso, é vital conhecer o valor exato da restituição antes de solicitar a antecipação e realizar uma pesquisa detalhada entre os bancos para encontrar as melhores condições de empréstimo.
“Todo dinheiro extra recebido deve ser tratado com respeito, criando uma reserva estratégica para o futuro”, conclui o presidente da ABEFIN. A decisão de antecipar a restituição do Imposto de Renda deve ser ponderada, levando em consideração os riscos, as taxas envolvidas e, principalmente, o planejamento financeiro a longo prazo do contribuinte.