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Tem dívida no cheque especial? Pode transferi-la para outro banco e pagar menos juros

Os juros do cheque especial são os mais altos do mercado no Brasil, de cerca de 12,4% ao mês. Quem tem R$ 1.000 “pendurados” no cheque especial hoje vai ver essa dívida decolar para R$ 4.100 em um ano, ou seja, mais que quadruplicar. A partir de janeiro, esses juros terão limite de 8% ao mês, mas ainda é uma taxa alta. A dívida mencionada viraria R$ 2.500, por exemplo.

Cerca de 90 milhões de brasileiros têm cheque especial disponível no banco, e as dívidas nessa modalidade somam R$ 26,5 bilhões. Se você é um dos que não conseguem escapar da armadilha do cheque especial, a portabilidade dessa dívida, criada no mês passado, pode te ajudar a pagar menos juros.

A portabilidade nada mais é do que transferir sua dívida para outro banco, possibilidade que já existia para financiamento imobiliário e empréstimo pessoal, por exemplo. Em outubro, 1,1 milhão de consumidores transferiram dívidas de um banco para outro, movimentando R$ 4,7 bilhões, segundo o Banco Central.

Agora, a portabilidade do cheque especial merece muita atenção do devedor, de acordo com Ana Rosa Vilches, educadora financeira da DSOP Educação Financeira.

“O cheque especial é um problema. A pessoa usa achando que ele é um complemento da renda, mas como os juros são muito altos, a dívida vai crescendo. Para pagar as contas, ela acaba entrando em outras dívidas, como cartão de crédito e crédito pessoal”, disse.

Compare taxas de outras linhas no seu banco

A primeira ação do consumidor, diz Ana Rosa, é tentar negociar com seu banco a troca da dívida no cheque especial por outra modalidade, como o crédito pessoal, no qual os juros são, em média, de 5,9% ao mês.

Se você usou mais de 15% do limite do cheque especial por 30 dias seguidos, o banco também deve oferecer a opção de transformar a dívida do cheque especial em outra modalidade, a do cheque especial parcelado. Nela, o uso do cheque especial é congelado em um certo valor e os juros são menores, de 3,2% ao mês, em média.

Procure outros bancos

Os juros do cheque especial costumam variar muito de banco para banco. Por isso, mesmo que seu banco aceite a proposta de trocar a modalidade do crédito, é recomendável procurar outros bancos para saber se a taxa oferecida é boa.

Informações disponibilizadas pelo BC mostram que o campeão dos juros no cheque especial é o Banco Mercantil do Brasil, com taxa média de 16,15% ao mês. A menor taxa é a do Banco Ribeirão Preto, com média de 1,52% ao mês.

Nos maiores bancos do país, as taxas médias são:

  • Santander: 14,75%
  • Itaú Unibanco: 12,44%
  • Bradesco: 12,42%
  • Banco do Brasil: 12,04%
  • Caixa: 9,37%

Vale frisar que esses valores são médios -as taxas podem variar de cliente para cliente.

Avalie a cobrança de tarifas

A taxa de juros é o principal item a ser comparado antes de transferir uma dívida para outro banco, mas não é o único. “É sempre bom ter a oportunidade de transferir a dívida porque isso obriga o banco a negociar com você. Mas é preciso avaliar as outras condições que você tem na instituição”, disse Ana Rosa.

É o caso das tarifas bancárias. Para transferir a dívida, o novo banco vai exigir que você abra uma conta corrente. Nesse caso, cabe avaliar se o banco que oferece juros mais baixos cobra, por outro lado, tarifas mais altas para saques ou transferências.

Atenção ao valor total da dívida

De que adianta ter taxas de juros mensais mais baixas se o valor total da dívida for maior, porque o banco cobra mais parcelas?

Por essa razão, o Banco Central proíbe que o banco que vai receber sua dívida do cheque especial estabeleça um valor total maior do que o devido no banco anterior. Fique atento a isso.

Operação é feita entre os bancos

Após analisar cada fator, se você optar pela portabilidade, deverá ir ao seu banco para pedir um documento de portabilidade, com informações sobre a dívida.

Depois, leve esse documento ao novo banco, junto com RG, CPF e comprovante de residência para abertura da conta corrente. O restante da operação é feito pelos próprios bancos, sem que você precise fazer mais nada.

Pergunta do leitor

O leitor Luiz C. Rolim pergunta: “Os fundos renda de fixa que oferecem rendimentos equiparados ao CDI podem ser considerados bons? Qual o horizonte de investimento para os recursos que serão aplicados em fundo indexado à CDI?”

A taxa básica de juros, a Selic, deverá se manter em 4,5% até 2020, segundo analistas ouvidos pela pesquisa Focus, do Banco Central. Assim, os rendimentos previstos serão bastante reduzidos nos próximos meses. O que vai definir se a aplicação é boa ou não é o prazo do investimento. Para curto prazo (até seis meses), fundos indexados à CDI continuam sendo boas soluções. Contudo, para médio ou longo prazo (dois anos ou mais), sugiro que você diversifique realocando o recurso em ativos que busquem oferecer maior ganho, mesmo que para isso você corra um pouco mais de risco.

A resposta é de Andrea Soares Sampaio, planejadora financeira certificada pela Planejar (Associação Brasileira de Planejadores Financeiros).

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