Há uma ideia de que o mundo dos investimentos é reservado apenas para aqueles que ganham muito dinheiro, o que afasta pessoas com rendas mais modestas. Levando em conta o alto custo de vida de diversas regiões do país fica difícil imaginar como grande parte dos brasileiros consegue sobreviver. Se pagar as contas já parece impossível para algumas pessoas, como guardar dinheiro para investir?
No entanto, é possível encontrar opções de investimento adequadas para potencializar os recursos financeiros mesmo quando limitados, especialmente em um país como o Brasil em que o salário mensal médio é de R$ 2853, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) relativos ao primeiro trimestre de 2023.
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Para começar a investir, o ato mais importante é poupar, afirmam especialistas entrevistados pela IstoÉ Dinheiro. Guardar parte do dinheiro recebido, independentemente do padrão de vida ou da renda mensal, é fundamental, além de adotar um estilo de vida mais modesto e diminuir o custo de vida.
“O ato de investir significa potencializar o dinheiro poupado, ou seja, aquele dinheiro que guardamos e que nos permite compensar, parcial ou totalmente, a perda de valor causada pela inflação. O objetivo do investimento, portanto, é evitar a desvalorização desse dinheiro, especialmente em um país emergente como o Brasil, onde os custos e os preços aumentam em média de 10% a 20% ao ano”, Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin).
Segundo a educadora financeira Simone Sgarbi, o segredo para investir mesmo com pouco dinheiro é ter um fluxo de caixa financeiro bem organizado e uma verba de investimento mensal já definida, como se fosse um boleto a ser pago todo mês.
“Assim que receber o salário a primeira coisa a fazer é investir e depois viver com o saldo restante. A pessoa pode definir 5% ou 10% de sua renda o que significa que se ela recebe dois mil reais por mês, pode começar investindo 100 ou 200 reais, mas é possível investir menos que isso”, diz Sgarbi.
Tipos de investimentos
Os especialistas em finanças elencam algumas modalidades de investimentos possíveis para quem possui uma renda mais modesta. Para começar, a pessoa que deseja investir precisa ter um CPF e uma conta em uma corretora, que pode ser a do próprio banco ou de uma independente.
“Depois, para escolher o tipo de investimento, deve-se levar em conta a necessidade de liquidez, ou seja, a probabilidade do indivíduo precisar do dinheiro investido imediatamente ou em um curto prazo. Para aqueles que precisam de liquidez, os investimentos são importantes para que o dinheiro não fique parado em uma conta, sem rendimento, pois, devido à inflação, esse dinheiro perde valor com o tempo”, diz Pierre Obserson de Souza, professor de finanças da FGV EAESP.
Obserson afirma que existem uma série de opções de investimento para quem quer ter a possibilidade de sacar rapidamente o seu dinheiro, desde a conta poupança, que tem a vantagem de ser muito simples, até contas em bancos digitais, que oferecem remuneração maior do que a poupança para o dinheiro depositado. “Além disso, existem fundos de investimento em renda fixa, ideais para quem precisa de liquidez, pois são fundos com baixas taxas de administração, cujo dinheiro pode ser resgatado a qualquer momento”, diz o professor.
“Embora algumas pessoas não considerem a poupança um investimento, ela é, apesar de ter um rendimento menor que a Selic (taxa de juros básica). Atualmente, a poupança rende cerca de 8% ou 9% ao ano, enquanto a Selic está em 13,75%. Isso significa que, ao optar pela poupança, o indivíduo compensará a perda inflacionária em menor medida do que com outros investimentos”, explica Domingos.
Além da poupança e das contas em bancos digitais, entre os tipos de investimento possíveis a curto prazo estão o Tesouro Direto, que usa a Selic como referência e pode ser comprado a partir de R$ 30; o Certificado de Depósito Bancário (CDB), que pode ser feito a partir de R$ 1; a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Os CDBs, LCIs e LCAs geram bons retornos entre dois a cinco anos.
Ainda a curto prazo existem as cotas de fundos imobiliários, que podem ser compradas por menos de R$ 50, e até mesmo investimentos em ouro. Já para quem tem a possibilidade de investir com um prazo maior, Obserson destaca os recém-criados títulos do tesouro RendA+, que gerarão uma renda mais estável após o período de investimento.
“Seja a curto ou longo prazo, o mais importante é que o investidor procure ser consistente em seus hábitos de investimento, buscando guardar um pouco de dinheiro a cada mês, pois a grande vantagem das aplicações mencionadas é que, em geral, podem partir de baixas quantias”, afirma o professor da FGV.
Outra dica consiste em traçar o perfil do investidor definindo o grau de risco com que a pessoa deseja lidar ao investir. “Para uma pessoa conservadora existem a renda fixa e os CDBs de instituições financeiras a partir de R$ 1, os títulos do tesouro por menos de R$ 40 e, se a pessoa gosta de investir em imóveis, pode comprar cotas de fundos imobiliários por menos de R$ 50”, afirma Sgarbi.
Porém, se a pessoa possuir um perfil mais ousado poderá aplicar na renda variável comprando ações dos mais diversos valores a partir de R$ 10.
Poupar e investir são, portanto, ações fundamentais para proteger e potencializar o dinheiro. Mesmo com rendas mais baixas, é possível encontrar opções de investimento adequadas sendo crucial estar atento ao custo de vida e à perda do poder de compra gerado pela inflação para que se possa garantir um futuro financeiro estável e seguro.
Fonte: https://istoedinheiro.com.br/saiba-como-investir-ganhando-ate-dois-salarios-minimos/