Estimativa foi feita pelo presidente-executivo da FarmaBrasil em evento no Guarujá-SP; especialistas dão dicas para economizar
Os medicamentos voltados para gripe e diabetes podem ficar 14% mais caros com a reforma tributária, disse o presidente-executivo da FarmaBrasil, Reginaldo Arcuri, em evento do Esfera Brasil nesta sexta-feira (7). Segundo o executivo, o aumento de 14% ocorreria sobre um montante de 46% dos remédiosque não devem receber nenhuma redução de tributos e devem pagar a alíquota cheia, de cerca de 26%.
“Nós estamos defendendo que todos os medicamentos tenham um redutor de 60% da alíquota cheia, visto que 46% dos medicamentos devem pagar 100% da alíquota com a reforma tributária. Alguns desses medicamentos são gripais e de diabetes”, diz Arcuri.
Na visão de Arcuri, o aumento de 14% dos produtos que não terão redução da alíquota geral tende a acontecer imediatamente. Isso porque, embora a lei proíba qualquer elevação do valor de remédios sem autorização da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), as farmacêuticas podem repassar qualquer aumento de impostos para o consumidor.
A fala aconteceu em painel que contou com a presença de Bruno Ferrari (CEO da Oncoclinicas), o deputado federal Reginaldo Lopes (PT) e o deputado federal Augusto Coutinho (Republicanos). Durante o debate, o deputado Coutinho lembrou que a reforma tributária é como um cobertor curto, quando se reduz a alíquota de um setor da economia, deve-se aumentar de outro.
“Se você reduz para alguns setores, outros terão que pagar e nós não podemos fazer um aumento de impostos. Se a gente vai conceder algum beneficio, a gente precisa tirar de algum outro setor que está sendo beneficiado”, afirmou Augusto Coutinho. A proposta que regulamenta a reforma tributária foi encaminhada para o Congresso pelo Executivo no último dia 24 de abril.
Embora a proposta da reforma tributária estime que 46% dos remédios paguem a alíquota cheia de 26%, o projeto prevê a isenção para 383 medicamentos e a redução de impostos para outros 850 remédios. Em tese, a redução de impostos causaria uma queda nos preços desses 1.233 remédios (850 mais 383), caso as farmacêuticas repassem a queda de impostos para o consumidor final.
Nos bastidores do evento, o E-Investidor questionou Arcuri sobre quais setores devem pagar uma alíquota maior para que todos os remédios tenham uma redução de imposto. Arcuri explicou que a decisão final deve ser tomada pelo Congresso, em uma discussão feita pela sociedade.
A proposta inicial da reforma tributária seria gerar uma alíquota única para todos os setores da economia. No entanto, após modificações no Congresso, a medida reduziu a taxa de vários setores, como educação, saúde e alimentos básicos.
Como se preparar o reajuste nos medicamentos?
A recomendação de especialistas vai na linha de realizar um planejamento financeiro, localizando quais são os gastos essenciais e quais são os supérfluos no orçamento familiar. “É essencial reorganizar as finanças, ver onde podem ser feitos cortes, geralmente as pessoas tem até 20% de gastos em excessos. Importante priorizar a saúde, colocar na balança o que é relevante e o que não é”, aconselha Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN).
Nessa hora, vale fazer uma listagem mensal, elencando todas as despesas, para que o consumidor possa entender de fato o quanto gasta. Certos valores são essenciais e fixos, como aluguéis e financiamentos, mas outros podem ser remanejados. “Criar esse orçamento e fazer essa classificação dos gastos essenciais (fixos e variáveis) e não essenciais, é uma ferramenta muito valiosa, porque nesse processo o consumidor descobre o que é prioridade para ele”, enfatiza Andressa Siqueira, planejadora financeira CFP pela Planejar.