Reinaldo Domingos é educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN).
A notícia é muito importante para milhares de brasileiros, o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, sendo que foi publicado no dia 22 de julho, no Diário Oficial a resolução que fixou o valor semestral mínimo e máximo de financiamento para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Também foi publicada a possibilidade de desconto de 12% nas dívidas do Fundo de Financiamento da Educação (Fies) para estudantes que estão com as parcelas em dia, isso em caso de pagamento à vista.
Já para quem tem dívidas, foi aberta a possibilidade de renegociação, para alunos que já estavam em fase de quitação em 30 de dezembro de 2021, mas que atrasaram o pagamento das parcelas em mais de 90 dias. Isso com descontos que podem chegar a 99% do valor total, variando de acordo com o perfil do candidato.
Essa ação por parte do Governo é muito positiva, possibilitando que os estudantes brasileiros adequem suas contas relacionadas aos estudos. Contudo, por mais que as condições sejam boas, é preciso um alerta para os estudantes, que precisam se planejar para aderir a esses benefícios.
São muitos os casos de pessoas que assumem o compromisso e não conseguem horar com eles, o que fazem com que entrem em um ciclo de endividamento que pode até mesmo levar à inadimplência. Contudo, dentro de um planejamento, essa é uma importante oportunidade, como mostrarei mais adiante.
Mas antes é importante esclarecer que a inscrição do Fies deverá ser feitas no site do ministério, de 9 a 12 de agosto. De acordo com a Resolução nº 50, no caso do curso de medicina, o valor semestral máximo será de R$ 52.805,66. Para os demais cursos, o valor máximo por semestre será de R$ 42.983,70. Já o valor mínimo de financiamento para todos os cursos será de R$ 300,00.
São disponibilizadas cerca de 100 mil vagas por ano para este fundo, direcionada a estudantes que tenham renda familiar mensal bruta, por pessoa, de até três salários mínimos, além da nota igual ou superior a 450 no Enem e não ter zerado a prova de redação.
O objetivo do Fies é conceder financiamento a estudantes em cursos superiores não gratuitos, com juros zero e uma escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do candidato.
Sempre achei muito importante esse financiamento estudantil, pois possibilita aos jovens ter acesso aos cursos superiores. A cada ano o governo vem melhorando e desburocratizando o acesso a este instrumento de apoio à educação, tornando-o uma grande oportunidade para que a desigualdade de acesso seja diminuída.
Até brinco que deviam mudar o nome de Financiamento Estudantil para Investimento Estudantil, pois, com certeza esta linha de crédito é uma dívida de valor, pois agrega um valor imprescindível, o conhecimento.
Além de ser uma dívida de valor é importante ressaltar o baixíssimo juros cobrado. E, para melhorar ainda mais esta oportunidade, o Fies possibilita uma carência de dezoito meses após o término do curso superior para que se inicie a amortizar (pagar) a dívida, dando ao jovem a oportunidade de ingressar em sua área de atuação e conseguir saldar em suaves prestações que se estendem em até três vezes o período do curso. Por exemplo, em um curso de quatro anos, o aluno iniciará a pagar as parcelas após dezoito meses de sua formação, tendo doze anos para pagar. É um longo tempo, porém, muito válido pela baixa prestação que, em média, será um terço do valor da prestação mensal do curso financiado.
Uma dica para o jovem que já está ou entrará no Fies e que esteja trabalhando e se atentar à importância de poupar, isto é, guardar parte do dinheiro que está ganhando. Para se ter ideia, se um jovem resolve guardar uma quantia aproximada de R$ 350,00 mensais até a data que pagará a primeira parcela do financiamento, a possibilidade de quitar o financiamento é grande visto que os juros serão no mínimo o dobro do cobrado no Fies. É preciso aproveitar a oportunidade e guardar dinheiro para o sonho de quitar o financiamento, não se esquecendo de outros sonhos.
O Fies é uma ótima ferramenta de mudança em nossa sociedade, pois os jovens com benefícios como esse começam a ter acesso à instrução e a educação é a grande ferramenta para desenvolvimento de nossa sociedade. Também é importante utilizar esta oportunidade para que o jovem inicie o hábito de administrar o dinheiro corretamente.
Reinaldo Domingos é educador financeiro, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN) e da DSOP Educação Financeira. É PhD em Educação Financeira e está à frente do canal Dinheiro à Vista. Autor de mais de 100 obras sobre o tema, entre eles como o best-seller Terapia Financeira.