Não é só a mensalidade que deve caber no orçamento; planejamento de outros gastos pode trazer maior segurança financeira.
Gastos com despesas escolares costumam dar dor de cabeça aos pais. Para quem opta pela educação privada, a escolha da escola ideal passa não só pela linha pedagógica, mas principalmente pela mensalidade que cabe no bolso.
Por ser uma escolha financeira atrelada a questões emocionais, já que a educação proporciona um futuro melhor para os filhos, é comum que os pais encaixem o valor da mensalidade no orçamento, sem considerar outros gastos envolvidos.
Principais despesas escolares
As despesas escolares mais comuns envolvem a mensalidade, a matrícula, os materiais escolares e os uniformes. Depois, podem entrar custos como alimentação (há escolas que cobram pelo almoço separadamente), lanches e snacks que as crianças compram no recreio, transporte, aulas extras, excursões.
Outras despesas relacionadas à vida escolar são as datas comemorativas, como Páscoa, Dia dos Professores e Natal, em que algumas famílias optam por dar lembrancinhas aos professores.
Após levantar os custos, é importante colocá-los em uma planilha que contenha os custos mensais e que dê uma visão geral do ano, para saber quais meses serão mais caros. Com essa informação, a família poderá optar por fazer uma reserva e pagar quando a despesa chegar, ou planejar esse gasto no cartão de crédito, mantendo o limite livre para essa despesa.
Outra dica é somar todos os gastos e dividir por 12, , afirma Paula Bazzo, planejadora financeira CFP pela Planejar. Deste modo dá para distribuir os custos ao longo dos meses do ano. Assim, fica mais fácil reservar um valor fixo para a educação todos os meses do que pagar pequenas boladas nas épocas de matrícula e compra de material escolar, por exemplo.
“Para evitar surpresas, é fundamental que os pais coloquem tudo na ponta do lápis, estimando com precisão o impacto desses gastos no orçamento. Isso permitirá um controle mais efetivo sobre as finanças e garantirá que a educação não se torne um peso inesperado”, afirma Reinaldo Domingos, presidente da DSOP Educação Financeira.
Limite de gastos com educação
É difícil limitar gastos quando o assunto é despesa com filhos. Para Reinaldo Domingos, essa dificuldade está relacionada ao fato de que a educação envolve o sonho de ver o filho preparado para o futuro.
Mas cada família tem uma realidade e um orçamento. “É fundamental saber que o compromisso com a educação não deve vir às custas do equilíbrio financeiro da família”, afirma Domingos.
Para ele, manter uma visão racional e equilibrada das finanças familiares, dentro de um padrão de vida realista, é crucial para evitar o estresse financeiro. Isso significa não se endividar ou comprometer outras áreas da vida da família. “A educação deve ser encarada como um investimento a longo prazo, e não como um gasto a curto prazo”, diz.
Marcelo Milech, planejador financeiro CFP pela Planejar, sugere que seja estabelecido um teto de 30% do orçamento familiar para despesas com educação. Assim, se uma família tem uma renda de R$ 10 mil, somando os salários dos pais, os gastos com educação não devem ultrapassar o teto de R$ 3 mil, considerando todos os gastos (e não só a mensalidade).
Já Domingos afirma que não é preciso estabelecer tetos rígidos para gastos com a educação, já que cada família tem uma realidade financeira única. Para ele, o principal é que a educação seja considerada prioridade dentro do orçamento familiar, mas sem comprometer áreas essenciais da vida, como saúde, alimentação e lazer.
Como se planejar para as despesas escolares
Após mapear todos os gastos envolvidos com a educação dos filhos, é preciso olhar para o orçamento familiar para encaixar as prioridades dentro da renda.
A sugestão de Domingos é começar definindo a renda líquida da família, somando todas as entradas, como salários, aluguéis ou outras fontes de renda. Depois, se possível, pensar em planos de aposentadoria, sonhos (como uma viagem, ou a compra de uma casa própria), e prever os gastos com dívidas e prestações.
Esses custos todos devem ser equilibrados com os gastos essenciais, como alimentação, saúde, educação e moradia. “A educação, nesse contexto, será tratada como uma prioridade, mas sempre dentro de um orçamento equilibrado, que considere as outras necessidades familiares”, diz Domingos.
O objetivo desse formato de orçamento, segundo ele, é tirar a mentalidade tradicional de “ganho menos gastos” (onde o foco está no que sobra) e adotar um modelo mais consciente e planejado, onde a família decide, de forma estratégica, como alocar sua renda para alcançar seus objetivos e manter a saúde financeira.
Essa abordagem não só ajuda a manter o foco no longo prazo, mas também evita que os gastos com educação ou qualquer outra área da vida familiar sobrecarreguem o orçamento ou gerem estresse financeiro, afirma Domingos.