O que você gostaria de ter aprendido sobre dinheiro ainda na adolescência que faria diferença na sua vida financeira atual? Parece uma pergunta complexa, não é mesmo? Mas essa reflexão pode ser o ponto de partida que você precisa para conversar com os seus filhos sobre educação financeira.
Essa fase, cheia de descobertas, é um momento muito importante para mostrar aos jovens como usar o dinheiro de forma responsável, como se planejar para um futuro mais sólido e como tomar decisões mais conscientes e informadas.
Pensando nisso, o Blog BB convidou Cauê Moura, especialista da BB Asset, para oferecer algumas dicas sobre o que abordar e de que maneira fazer isso. Confira!
Qual é a importância da educação financeira para adolescentes?
Você sabia que a adolescência é uma fase da vida caracterizada por mudanças significativas no desenvolvimento cerebral? São essas alterações que influenciam a maneira como os adolescentes processam informações e permitem que eles tenham uma grande capacidade de aprendizado.
De acordo com Cauê Moura, da BB Asset, a educação financeira é importante em todas as fases da vida, porém, na adolescência, esse tema é muito relevante para consolidar os conhecimentos que serão utilizados no decorrer da vida adulta. “O conhecimento sobre finanças pessoais pode ajudar o adolescente a ter maior controle emocional, trazer mais segurança e proporcionar melhor autoestima. Muitos adolescentes podem ter mais dificuldade em manter a disciplina com as finanças e, portanto, a orientação e o apoio dos adultos podem ser cruciais neste estágio da vida.”
Além disso, essa preparação não apenas ajuda a garantir uma base financeira sólida mas também promove uma mentalidade de planejamento a longo prazo, essencial para alcançar objetivos futuros, como pagar a faculdade, comprar uma casa ou até mesmo planejar uma aposentadoria confortável.
Mas como ensinar aos filhos a importância de lidar com o dinheiro de forma consciente? Existem algumas estratégias que podem tornar as lições mais leves e até divertidas, como as listadas a seguir.
1. Demonstre a importância de planejar
Planejar é uma habilidade muito importante para quem deseja transformar sonhos em realidade. Por isso, tente demonstrar ao seu filho como o planejamento financeiro pode ajudá-lo a alcançar objetivos a curto e longo prazo. Cauê Moura explica que os jovens podem dar pouca importância para os projetos de longo prazo, mas é preciso insistir.
“Quanto mais jovens somos, mais difícil darmos importância para questões de longo prazo, como, por exemplo, aposentadoria. No entanto, devemos demonstrar que os objetivos de longo prazo são tão importantes quanto os de curto prazo, mesmo que pareçam estar muito distantes de serem alcançados. Para cultivar essa visão de longo prazo, se pode trabalhar com a ideia de economizar para a faculdade, por exemplo. Seja para pagar o curso, comprar um carro ou fazer um intercâmbio durante a graduação. Uma boa dica é fazer uma simulação de quanto precisa guardar por mês para atingir qualquer um desses objetivos.”
Além da faculdade e do intercâmbio, fale de planos futuros, como a compra de um carro, a viagem de formatura, a carreira desejada, entre outros, e de como esses objetivos envolvem custos que podem ser previstos e economizados ao longo de um determinado tempo.
2. Ensine a definir e priorizar objetivos
Uma frase muito conhecida afirma que “se tudo é importante, então nada é importante”. Essa é uma reflexão sobre a prioridade e o valor das coisas, afinal, se tudo for tratado com igual relevância, perde-se a capacidade de distinguir o que realmente merece atenção e esforço.
Por isso, ensinar aos seus filhos como definir e priorizar objetivos é extremamente necessário. De acordo com o Cauê, muitas vezes pode ser difícil selecionar um objetivo ou até mesmo priorizá-lo, então cabe aos pais ajudarem os filhos a escolher e determinar as prioridades.
“Elaborem um plano para chegar na meta desejada e avaliem o esforço necessário, seja em termos de tempo ou dinheiro. Para ser mais factível, tracem objetivos de curto prazo que possam estar relacionados com um desejo do jovem, como a compra de um tênis, roupa, celular etc. Assim ele poderá ver na prática a vantagem de se ter um planejamento financeiro.”
Cauê afirma, também, que uma ideia muito interessante é mostrar ao jovem que ele pode ter boas recompensas quando consegue atingir os seus objetivos.
“Se proponha a dar um bônus sempre que ele alcançar os objetivos estabelecidos. Deixe claro qual será o prêmio, que poderá ser um dinheiro extra, uma viagem, um presente fora de época etc. A chance de a meta ser alcançada é maior, pois, além de ter conseguido atingir algo que já estava querendo, ele ainda foi recompensado pelo sucesso nessa empreitada.”
Mas e se a meta não for alcançada? O especialista da BB Asset diz que isso pode acontecer, mas que os pais devem evitar punições. “É importante que os pais não imponham punições ou castigos caso os filhos não consigam atingir uma meta. Ao invés disso, é melhor sentar em conjunto e reavaliar o que precisa ser corrigido para chegar aonde se deseja. Diálogo é sempre o melhor caminho.”
3. Incentive o controle financeiro
Ter controle financeiro é essencial para alcançar objetivos e garantir um futuro mais sólido. Por isso, quando o seu filho quiser comprar algo, ajude-o a analisar se o item é realmente necessário ou se é apenas um desejo momentâneo e peça a ele que verifique se a compra está alinhada com aquelas prioridades que vocês definiram juntos. Se for importante, participe com ele dos momentos de pesquisa e comparação de preços e avalie a qualidade e a durabilidade do produto.
Mas, além de incentivar o jovem a pensar cuidadosamente antes de fazer uma compra, Cauê Moura ressalta que o exemplo é a melhor forma de influenciar alguém.
“Os pais precisam esquecer aquela frase ‘faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço’. Para ser inspiração para seus filhos, eles devem colocar a educação financeira em prática no dia a dia, seja fazendo o orçamento e chamando os filhos para mostrar como estão controlando as finanças ou se colocando à disposição para auxiliá-los. Também vale conversar sobre as finanças da casa e demonstrar como otimizar os gastos.”
4. Deixe claro que não existe obrigação
Apesar de ser muito importante, é essencial ressaltar que a educação financeira não deve ser vista como uma obrigação, mas como uma oportunidade para os adolescentes desenvolverem habilidades que os ajudarão ao longo da vida.
Cauê Moura alerta que é preciso mostrar aos jovens a importância de ter um orçamento e como isso muda tanto o nosso presente quanto o futuro.
“Para isso, é importante não transmitir a ideia de que é uma obrigação ter o controle das finanças, afinal, aquilo que é obrigação e rotina pode parecer chato a um adolescente. Os pais podem mostrar que controlar as finanças é algo dinâmico e que pode ser aprimorado e divertido. Além disso, é muito importante dar autonomia para que o jovem tome suas próprias decisões e possa aprender com as consequências delas, sejam elas boas ou ruins.”
Importante: cada família tem uma realidade com diferentes prioridades, desafios e valores. Por isso, lembre-se de adaptar as práticas financeiras de acordo com as necessidades específicas da sua família e os valores que deseja transmitir aos seus filhos.
5. Estimule o empreendedorismo
Um estudo divulgado em 2021 pela Globo apontou que 60% dos jovens com até 30 anos querem ser empreendedores, e o que faz os mais novos buscarem esse caminho é o desejo de independência financeira e autonomia no trabalho. Sendo assim, que tal incentivar o seu filho a buscar ideias criativas para ganhar dinheiro, como vender produtos artesanais, oferecer serviços de tutoria ou criar conteúdo online?
Para Cauê Moura, os pais também precisam mostrar para os filhos quais são as fontes de renda que existem, pois assim eles podem compreender as possibilidades de ganhar o próprio dinheiro. “Os pais podem analisar se é possível que o jovem realize um trabalho fora do horário da escola, seja como jovem aprendiz ou ajudando no negócio da família em troca de uma remuneração. Outra opção para fazer um dinheiro extra é vender aquilo que não esteja usando mais e que possa ser útil para outra pessoa. Também vale incentivar os investimentos, já que qualquer valor investido já vai render alguma quantia, por menor que seja.”
6. Mostre outras opções de educação financeira
Existem livros, sites, canais no YouTube e perfis no TikTok que abordam a educação financeira de forma leve, divertida e simples. Busque e compartilhe conteúdos que interessem o seu filho e torne esse tema algo comum entre vocês.
Cauê Moura recomenda algumas obras que você pode comprar para presentear o seu filho e ajudá-lo nessa jornada, como Vivendo sem mesada: jovens no controle de suas finanças, de Bruno Vinicius Rocha, Eliane Costa e Sônia Maria de Souza; Ter dinheiro não tem segredo – educação financeira para jovens, de Reinaldo Domingos; e Pai rico, pai pobre para jovens: o que a escola não ensina sobre dinheiro, de Robert T. Kiyosaki.
O especialista da BB Asset também indica o game Rolê que Rende, que tem uma abordagem única para ensinar conceitos fundamentais de educação financeira e ainda proporciona uma experiência interativa e envolvente aos jovens.
Desenvolvido pelo BB, o jogo reconhece a importância da educação financeira para crianças e adolescentes e trabalha temas essenciais como esporte, cultura, tecnologia e sustentabilidade.
Fonte: Blog BB