Veja quais emoções podem ser relacionadas aos investimentos e como administrá-las melhor na hora de investir
O filme “Divertida Mente 2”, produzido pela Disney e pela Pixar, foi lançado na quinta-feira (20) e já caiu no gosto das crianças e adultos, principalmente pela identificação com os personagens. Apesar de se tratar de uma animação infantil, a abordagem do filme pode ser trazida para o mercado financeiro, sobretudo pelo cuidado com as emoções ao investir.
O filme fala sobre os sentimentos humanos, usando personagens chamados de alegria, tristeza, raiva, nojo, medo, ansiedade, inveja, tédio e vergonha para retratar o dia a dia das pessoas. O E-Investidor preparou uma matéria que relaciona essas emoções aos investimentos e discute seus impactos nas próprias finanças.
Entretanto, vale ressaltar que as analogias não devem ser interpretadas como uma avaliação de valor, positiva ou negativa, de nenhum sentimento ou aplicação, uma vez que todas as emoções têm uma papel em nossa vida, assim como cada investimento tem um função na carteira para a realização dos objetivos pessoais do investidor.
Os 9 “Divertida Mentes” do mercado financeiro
Ansiedade
A reação com o sobe e desce da Bolsa de Valores pode gerar uma certa ansiedade, segundo avaliação de Paula Bazzo, planejadora financeira pela Planejar, já que as oscilações e volatilidades do mercado podem ser estressantes para investidores que monitoram constantemente ou esperam resultados imediatos. “Essa ansiedade pode ser mitigada com uma estratégia bem definida e uma visão de longo prazo, permitindo aproveitar o potencial de grandes retornos que as ações oferecem”, afirma Bazzo.
Já para Cíntia Senna, educadora financeira da DSOP, a ansiedade para acompanhar os resultados fazem parte do aprendizado. “Esse momento acaba auxiliando no desenvolvimento para avançar para novos produtos financeiros”, explica a educadora.
Tristeza
O que para uns é ansiedade, para outros é tristeza. Paula Bazzo não hesitou em associar o sentimento ao Tesouro Direto, já que o processo – que pode ser monótono da renda fixa – tende a gerar uma sensação de desgosto pela aparente falta de acontecimentos.
O dólar também vai na contramão da alegria, uma vez que o contexto atual de investimento da moeda está envolto de angústia e aflição em relação a cotação que temos desde a pandemia. “Cada vez mais, a perda do poder de compra de maneira global tem sido registrada de maneira intensa”, avalia Senna.
Raiva
A moeda estrangeira também pode gerar o sentimento de raiva em alguns investidores devido à dificuldade que eles enfrentam ao tentar prever as flutuações cambiais. “As variações no câmbio podem ser frustrantes e desafiadoras, exigindo um bom conhecimento do mercado internacional e das políticas econômicas”, comenta Bazzo.
O mesmo vale para as ações da Bolsa, uma vez que elas podem facilmente sair do planejamento e não terem resultados conforme o esperado.
Tédio
Um dos novos sentimentos apresentados no segundo filme da Disney e da Pixar é o tédio. No mercado financeiro, a emoção pode ser caracterizada pelos fundos imobiliários, por exemplo, pois geralmente não demandam atenção constante dos investidores com sua renda passiva mais estável através dos proventos. “É importante, entretanto, não subestimar o risco desses investimentos. O tédio pode levar a uma desconexão da realidade, por isso é essencial revisar regularmente a carteira de fundos imobiliários para garantir sua saúde a longo prazo”, afirma Bazzo, da Planejar.
Outro vencedor do tédio é a velha (porém, ainda muito utilizada) poupança. Para quem começa a investir, parece um grande passo na direção dos investimentos. Contudo, com tempo e experiência, o baixo rendimento possibilitado pela caderneta da poupança pode entediar os investidores com maior apetite por riscos.
Nojo
O nojo poderia ser associado ao bitcoin, por ser um produto financeiro ainda desconhecido para muitos investidores. “As pessoas costumam ver o bitcoin com bastante desconfiança, além de haver, de fato, uma falta de regulamentação. Assim, existe a percepção de algo que não é, exatamente, ‘limpo’.”, diz Bazzo. Entretanto, a planejadora financeira ressalta que o bitcoin pode oferecer uma estratégia interessante para aqueles que estão dispostos a assumir riscos e têm uma visão de longo prazo sobre as tendências e formas de consumo do dinheiro no futuro.
Vergonha
A criptomoeda também pode ser relacionada à vergonha, segundo a avaliação de Cíntia, da DSOP, “Por ser algo mais novo no universo dos investimentos, a falta do entendimento sobre o funcionamento do bitcoin, e principalmente por sair do que chamamos de normas sociais, pode gerar receio para aqueles que têm ou desejam ter”, afirma a educadora.
Medo
Outra emoção recém-inaugurada no filme “Divertida Mente 2” é o medo. No mercado financeiro, esse sentimento pode estar ligado aos imóveis por conferirem uma forma segura de se manter o patrimônio em tempos de incerteza econômica, segundo a avaliação de Paula Bazzo. “Embora isso nem sempre seja verdade. Muitas vezes, as pessoas investem em imóveis devido ao medo de outros tipos de investimentos”, ressalta.
Já para Cíntia, essa insegurança está associada aos produtos financeiros derivativos (opções, futuro, swap). “Um produto que deriva de outros, e que geralmente pode trazer grandes ganhos ou perdas, principalmente para quem não respeita o alerta da autopreservação para escapar de situações que podem causar grandes prejuízos, deveria ser uma das últimas categorias para se utilizar, com foco mais em proteção do que em alavancagem”, avalia a educadora.
Inveja
Os derivativos também são um potencial instrumento para incitar inveja, na avaliação de Paula, uma vez que seus altos lucros ou pequenas perdas podem despertar esse sentimento ácido nos outros investidores. “A inveja surge tanto do lado positivo quanto do negativo: por um lado, inveja daqueles que compreendem e lucram com investimentos complexos; por outro, inveja daqueles que sofreram perdas significativas devido a derivativos”, avalia a planejadora.
Alegria
“A alegria é o resultado de uma carteira de investimentos bem equilibrada, que respeita a tolerância ao risco e o momento de vida de cada investidor”, afirma Paula. Segundo ela, usando cada produto financeiro de acordo com sua função, nenhuma das emoções pode se sobressair de forma negativa.
Como as emoções influenciam os investimentos
Tanto no primeiro filme de “Divertida Mente”, quanto no segundo, a animação conta sobre o crescimento de Riley e como o contexto social de sua vida influencia suas escolhas.
De acordo com Ana Paula Hornos, psicóloga clínica e educadora financeira, o mesmo processo de autoconhecimento ocorre com as pessoas no mundo real na hora de investir. “As experiências desde a infância moldam o perfil de um adulto, e claro que de um adulto investidor, refletindo a modelagem comportamental dos pais, a educação financeira recebida, o ambiente socioeconômico e as experiências de vida marcantes, como crises financeiras ou sucessos precoces”, afirma a também colunista do E-Investidor.
Segundo ela, as emoções são determinantes para se ter saúde financeira, uma vez que o estresse emocional pode prejudicar a capacidade de tomar decisões racionais, resultando em ações impulsivas ou baseadas em reações momentâneas em vez de estratégias de longo prazo bem pensadas.
Usando as emoções ao seu favor
A psicóloga explica que a regulação emocional e a manutenção de uma abordagem disciplinada são essenciais para mitigar os efeitos negativos das emoções nas decisões de investimento. “Técnicas e conhecimentos como educação financeira aumentam a assertividade racional, enquanto planejamento e definição de metas claras ajudam a manter o foco no longo prazo.
Diversificação reduz riscos e automatizar investimentos pode evitar decisões impulsivas. Práticas de regulação emocional como mindfulness e meditação ajudam a gerenciar o estresse.
Consultoria profissional oferece uma perspectiva objetiva, e a análise retrospectiva de decisões passadas aumenta a autoconsciência. Manter um diário de investimentos pode identificar padrões de comportamento, promovendo decisões mais racionais e bem-sucedidas”, explica Ana Paula.
Além disso, o autoconhecimento é importante para compreender os limites que o perfil do investidor pode alcançar. “O autoconhecimento é crucial para manter uma carteira de investimentos sólida, pois permite que os investidores reconheçam e gerenciem suas reações emocionais e comportamentos diante das flutuações do mercado”, afirma Ana Paula.
Fonte: Ei Investidor