O Banco Central anunciou no fim de janeiro o aumento na taxa de juros Selic, que agora está em 13,25%. Esse novo cenário tem um impacto direto na vida dos brasileiros, especialmente daqueles que estão pensando em financiar a casa própria ou um carro. Além disso, a alta dos juros traz à tona a necessidade de repensar estratégias financeiras, como a antecipação de parcelas de financiamentos já existentes.
Para o PhD Reinaldo Domingos, educador e terapeuta financeiro, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), essa prática nunca foi recomendada, mas agora, com a Selic mais alta, essa orientação se torna ainda mais relevante. Em vez de usar o dinheiro para antecipar parcelas, Domingos sugere que as pessoas com reservas financeiras invistam esses valores em produtos atrelados à Selic, como CDBs, que podem gerar rendimentos mais vantajosos do que o simples pagamento antecipado das dívidas.
As instituições financeiras oferecem diversas oportunidades à população, algumas vantajosas e outras nem tanto, como é o caso da antecipação de parcelas e amortizações de financiamentos de casa própria. É polêmico, mas Domingos explica que atrair milhões de pessoas para essa prática pode parecer vantajoso à primeira vista, mas, sem dúvida, ela é prejudicial para as finanças, especialmente com a atual taxa de juros elevada.
“Hoje, com os juros elevados, a antecipação de parcelas tornou-se ainda mais inviável e não é uma boa estratégia a ser adotada”, alerta. Ele explica que a taxa Selic está em patamares altos, com a tendência de chegar a 14,25% ao ano, impactando diretamente o custo de vida e criando uma grande oportunidade de ganhos nos investimentos.
É fundamental aprender a guardar dinheiro, acumular reservas financeiras para aproveitar essa onda de juros altos e melhorar a rentabilidade dos seus investimentos. Por isso, a orientação do educador financeiro é deixar de ter “alergia” ao dinheiro e criar o hábito de poupar, protegendo seus recursos financeiros, que são tão difíceis de ganhar e tão fáceis de gastar.
Domingos enfatiza que, ao manter o dinheiro aplicado em investimentos com rentabilidade superior à taxa de juros do financiamento, é possível obter ganhos significativos. “Se você pegar o mesmo valor que usaria para amortizar seu financiamento e investir em CDBs, LCIs, LCAs, entre outros investimentos de renda fixa, seu dinheiro pode render entre 12% e 15% ao ano. Se comparado à antecipação de parcelas, fica fácil entender a vantagem de ganhos.”
Além disso, ele alerta sobre o risco de abrir mão do poder de compra e do ganho de juros compostos. “Ao antecipar parcelas, você perde a chance de deixar seu dinheiro crescer ao longo do tempo. Lembre-se: ‘Você é seu banco.’ Pergunte-se: por que os bancos estão incentivando a antecipação de parcelas?”
Com a alta da Selic, os bancos têm interesse nas antecipações de financiamentos. Eles estão oferecendo propostas para amortizar dívidas, visando atrair clientes e obter mais caixa, garantindo lucros ainda maiores. Nada errado nisso, afinal, é o negócio das instituições financeiras. No entanto, como explica Domingos, essas propostas não são vantajosas para o consumidor. “Os bancos estão oferecendo incentivos para que as pessoas amortizem suas dívidas agora, mas a realidade é que os juros dos financiamentos estão menores do que as rentabilidades da maioria dos investimentos atualmente”, afirma.
Portanto, em vez de aceitar essas propostas, o especialista sugere que os consumidores priorizem a criação de reservas financeiras. “O melhor agora é manter as parcelas do financiamento em dia, respeitar os prazos e buscar formas de investir o dinheiro para obter uma rentabilidade maior.”
A importância de criar reservas financeiras
Domingos também destaca a importância de se ter uma reserva financeira estratégica, para aproveitar oportunidades, lidar com imprevistos ou mudanças inesperadas na renda. “Manter o pagamento das parcelas do financiamento e, ao mesmo tempo, ter dinheiro guardado em investimentos pode ajudar não só a enfrentar situações difíceis, mas também a conquistar outros sonhos e necessidades no futuro.”
A criação dessa reserva financeira permite enfrentar a inflação e outros desafios econômicos que podem surgir ao longo do tempo. E, com os juros altos, esse dinheiro guardado pode render ainda mais, ajudando a aumentar o patrimônio da família.
Portanto, a melhor estratégia para enfrentar o momento de juros elevados não é antecipar as parcelas do financiamento, mas sim respeitar os prazos, manter as prestações em dia e investir o dinheiro de forma inteligente. Domingos reforça: “Ao invés de antecipar dívidas, procure investir o seu dinheiro em opções de renda fixa, como CDBs ou Tesouro Direto. Com o retorno de 12% a 15% ao ano, o seu dinheiro estará trabalhando a seu favor, e você estará mais preparado para alcançar a sustentabilidade financeira.”
“Antecipar parcelas é um erro. O mais sábio é fazer o dinheiro render, não apenas para pagar contas, mas também para garantir um futuro financeiro mais seguro. Deixe de ser apenas um pagador de contas e torne-se um poupador realizador de sonhos, garantindo assim um futuro financeiro mais seguro, até mesmo alcançando sua independência financeira”, finaliza o especialista.
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