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Autorização das apostas online pode aumentar riscos na vida financeira das famílias

O Ministério da Fazenda publicou no fim de julho uma portaria que autoriza o funcionamento de jogos de aposta online, incluindo caça-níqueis digitais e o popular “jogo do tigrinho”. A regulamentação, que entra em vigor em 2025, estabelece regras específicas para a operação dessas plataformas no Brasil. Contudo, não vão impactar diretamente no maior problema, que é o descontrole relacionado a esse tema.

Veja as principais regras da regulamentação:

  • Resultado Determinado por Eventos Aleatórios: Os jogos devem usar um gerador randômico de números, símbolos, figuras ou objetos para determinar os resultados.
  • Transparência nas Apostas: As plataformas devem informar, no momento da aposta, o fator de multiplicação que define os ganhos do apostador.
  • Tabela de Pagamentos: Os usuários devem ter acesso a uma tabela de combinações de ganho antes de realizar uma aposta.
  • Inatividade dos Jogadores: Jogadores serão considerados inativos e removidos após 30 minutos sem atividade.
  • Proibição de Formato Físico: É proibido oferecer esses jogos em formato físico, como os tradicionais caça-níqueis, que permanecem ilegais no país.

Atualmente, os jogos online representam mais de 60% do faturamento do setor de apostas, segundo o Instituto Jogo Legal. Contudo, existe uma grande ameaça por trás das apostas. Elas estão mudando os hábitos dos brasileiros – e está levando muitos a um caminho perigoso rumo à pobreza. Não faltam casos de pessoas que se endividam e perdem tudo por causa desse vício.

Outro problema das apostas é que ela afeta a economia como um todo, se as varejistas já eram bastante afetadas pelo aumento das apostas online por parte da população, agora até setores mais resilientes, como o de telecomunicações, observam mudanças nos hábitos de seus clientes, com parte da renda indo para as bets.

Apostas não são investimentos: priorize a saúde de suas finanças

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um crescimento exponencial na prática das apostas esportivas e outros jogos de azar. Este fenômeno, amplamente impulsionado por campanhas publicitárias massivas e a presença constante em plataformas digitais, está gerando sérias consequências para a saúde financeira de milhões de brasileiros.

Segundo Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN), já passou da hora de um debate mais sério sobre esse tema, necessitando de um alerta urgente sobre os riscos financeiros associados a essa prática.

“Hoje temos milhões de pessoas que apostam nessas casas de apostas. Isso inclui desde apostas em eventos esportivos até jogos como o Tigrinho, que corroem as finanças de muitas pessoas,” afirma Domingos.

Ele observa que atualmente mais brasileiros estão gastando dinheiro em apostas do que investindo, o que revela um descontrole financeiro generalizado. As pessoas estão buscando soluções milagrosas em vez de confiar na educação financeira e no planejamento estruturado para melhorar sua situação econômica.

As apostas esportivas, que movimentaram um mercado potencial de R$ 31 bilhões anuais em 2022, não devem ser confundidas com investimentos. Como destaca Domingos, “as apostas não trazem nenhuma perspectiva de retorno para o valor investido. Elas não são uma renda extra.”

A realidade é que, para cada vencedor, há uma grande maioria que perde. É ínfima a porcentagem dos apostadores que ganha, e ao longo do tempo a grande maioria acaba perdendo dinheiro, comprometendo suas finanças pessoais e adiando a realização de seus sonhos.

Além do impacto financeiro, o vício em apostas tem profundas implicações sociais e psicológicas. Muitas pessoas estão recorrendo a adiantamentos salariais e comprometendo seus recursos para tentar recuperar perdas, deixando de lado despesas essenciais como alimentação, vestuário e medicamentos. O vício em apostas precisa ser encarado com seriedade, pois a curto, médio e longo prazo, ele é prejudicial.

Psiquiatras que estudam a formação de vícios alertam que o comportamento de apostar, motivado pela expectativa de ganho e o consequente aumento de dopamina, pode levar à dependência. “A pessoa sempre acha que pode parar, mesmo quando está trocando atividades essenciais por um comportamento doentio,” explica o presidente da ABEFIN.

Necessidade de regulamentação e educação financeira

Reinaldo Domingos enfatiza a necessidade urgente de uma regulamentação rigorosa por parte do governo e da sociedade para combater esse problema que afeta a vida dos brasileiros. A educação financeira emerge como uma ferramenta crucial para prevenir que mais pessoas caiam na armadilha das apostas.

O ideal, segundo Reinaldo Domingos, é não apostar para manter a saúde financeira, contudo, para aqueles que ainda insistem em usar parte de suas rendas nessa ação, o educador financeiro sugere seguir algumas regras de ouro:

1. Aposta esportiva não é investimento nem renda extra. Encare como uma opção apenas de lazer.
2. Defina quanto da sua renda mensal vai para entretenimento e, dentro desse montante, estabeleça um limite para apostas, sem expectativa de retorno financeiro.
3. Não direcione todo seu dinheiro destinado ao entretenimento para as apostas.
4. Evite apostas se você já tem outros vícios, sobretudo os que têm estímulo oral (álcool, comida, etc.).
5. Afaste-se das apostas caso ultrapasse o tempo previsto jogando.
6. Se o impulso de descumprir compromissos para apostar surgir, é hora de parar.

A conscientização sobre os riscos das apostas e a promoção da educação financeira são passos essenciais para proteger as finanças pessoais e garantir um futuro mais seguro e estável para todos os brasileiros.

Assessoria de Imprensa da ABEFIN

Fonte: Jornal Dia Dia – Por Marco Murilo Oliveira

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