Por: Paulo Ucelli
Quando falamos em dinheiro, investimentos, produtos financeiros, as pessoas muitas vezes entendem que se trata de Educação Financeira, mas será mesmo que isso? Números, cálculos, investimentos e planilhas? Caso fosse, a educação financeira realmente seria uma ciência exata, mas, não é.
Essa confusão se dá porque por muitos anos se confundiu a educação financeira com finanças pessoais, que de fato tem relação com os temas acima falados e controlar o dinheiro e aprender a investir devem ser de fato relacionados ao universo das Finanças.
Mas, educação financeira vai muito além, os números, cálculos e planilhas são importantes, mas como instrumentos que informam, mas com a necessidade maior de uma reflexão individualizada, o que faz com que o tema se mostre como uma ciência humana.
Vamos aprofundar um pouco mais. No passado, já na infância, quando os pais, avós ou responsáveis davam algum dinheiro, se aprendia que com esse era para comprar aquilo que se necessitava ou desejava. Mas, se perguntar para essas pessoas no passado o que eles conseguiram acumular, vamos nos reparar que poucos foram aqueles que conseguiram construir um bom patrimônio.
Grande parte da sociedade não conseguiu adquirir a casa própria, carros ou mesmo aposentadorias sustentáveis. Os casos de sucesso são exceções e não regras. Assim, pergunto para onde foi todo dinheiro ganho que passou pelas mãos das pessoas?
Infelizmente essas gerações não conseguiram aprender reter e guardar dinheiro. Tão pouco aprenderam a usar o sistema financeiro a seu favor, especialmente o crédito. E por qual motivo isso não aconteceu? Isso não aconteceu por causa de que nossos ancestrais não eram bons em matemática ou cálculos. Isso era ensinado nas escolas do ensino básico e ensino superior.
A grande questão é que as pessoas não aprenderam a trabalhar com educação financeira, e não tiveram esse conhecimento nas escolas. Assim, até mesmo professores que lecionavam matemática, não conseguiram realizar grandes conquistas, é fato.
Com uma boa reflexão vemos que ao longo de décadas as pessoas foram motivadas ao consumo sem muitos critérios, mantendo o sistema econômico aquecido. Quem nunca ouviu que “dinheiro foi feito para gastar”?
Sim, dinheiro é para gastar, mas precisa ser mais bem destinado, sabendo: onde gastar? o que priorizar? como guardar? Essas perguntas não são habitais de tão pouco praticadas no universo das Finanças.
Mas, então o que é de fato Educação Financeira? Trata-se de uma ciência recente, que mostra o que o dinheiro pode proporcionar, se usado de forma consciente. Realizando tudo aquilo que se planeja.
Importante ter em mente que o dinheiro veio como fator de alinhamento, junto aos escambos praticados pelas pessoas. Com base nisso é preciso entender que ele está relacionado ao comportamento, dando assim sentido ao que se quer realizar.
Ao tratar o tema como comportamental, se consegue entender as decisões do que fazer? Para que fazer? Quando fazer? E o que se quer realizar ou melhor, qual a finalidade ou destino que ser quer dar ao dinheiro? Respondendo essas perguntas o domínio do dinheiro estará salvo, deixando as pessoas de serem escravos dele.
Assim, praticando a educação financeira de forma sistêmica e continua, se cria hábitos mais assertivos e dominantes sobre o dinheiro. Interessante ver que tudo começa antes mesmo da alfabetização, é simples.
A criança, quando apresentada ao dinheiro, deve aprender que ele é um meio para poder comprar o que se deseja e necessita. Essa, mesmo ainda não sabendo o quanto vale aquela moeda, nota ou cartão digital, saberá que pode realizar o que deseja ou necessita a partir deste.
Daí a importância de implementação deste novo conceito de fazer escolhas, adquirir o equilíbrio entre necessidades que o dinheiro compra e também os desejos e sonhos que ele realiza. Também é importante o entendimento do tempo para as realização, separando em curto prazo, médio prazo e longo prazos. O tempo na educação financeira é um agente predominante é muito importante.
Perceba que, com esses hábitos adquiridos logo na infância, ele será praticado no seu desenvolvimento cognitivo. Potencializando o ato de poupar parte do dinheiro que passa pelas mãos. Assim, ao passar o tempo, se terá aprendido a sempre ter destinos diferentes e necessários junto ao dinheiro. Aí quando jovem, lá no seu primeiro trabalho, conseguirá praticar o que aprendeu ao longo de sua vida, dividindo seu ganho em partes de consumo, sonhos e necessidades.
Isso comprova que educação Financeira é uma ciência comportamental, remetendo ao poder de realizações continua e permanente. Lembrando que ela dever ser praticada e replicada a todos para quebrar paradigmas e melhorar a vida das pessoas. Principalmente quem não aprendeu na infância.
A Educação financeira traz como grande contribuição a garantia de uma vida saudável, buscando assim o equilíbrio. Outro destaque é que o tão criticado crédito não é algo prejudicial e sim, se bem administrado e contraído com consciência, uma ferramenta que pode ser usada para trazer qualidade de vida e realizações.
Outro ponto que esse aprendizado auxilia é a construir uma reserva financeira, trazendo tranquilidade independente de momentos de crise. Como pode ver, educação financeira é algo complexo. Por isso, desenvolvi um conceito de educação financeira embasado na Metodologia DSOP, que é:
“Educação Financeira é uma ciência humana que busca a autonomia financeira, fundamentada por uma metodologia baseada no comportamento, com o objetivo de construir um modelo mental que promova a sustentabilidade, crie hábitos saudáveis e proporcione o equilíbrio entre o ser, o fazer, o ter e o manter, com escolhas conscientes para a realização de sonhos e necessidades”.
Reinaldo Domingos, PhD em Educação Financeira, Presidente da DSOP Educação Financeira e da Associação Brasileira de Profissionais da Educação Financeira (Abefin), autor do bestseller Terapia Financeira e de diversos livros sobre o tema.