Em janeiro de 2022, o Brasil superou a marca de 5 milhões de contas na bolsa de valores. Por outro lado, pesquisas recentes realizadas pelo Banco Central apontam que mais de 70% dos brasileiros não conseguem fazer sobrar dinheiro no fim do mês.
Essa curiosa contradição acontece devido à falta de educação financeira da população, somada ao desserviço prestado pelo mercado de investimentos, que por motivos óbvios, se utiliza de agressivas estratégias de marketing para vender o sonho de se tornar milionário e, consequentemente, sua extensa gama de produtos financeiros.
Vislumbrados por esta falsa imagem da realidade, todos querem investir e enriquecer rapidamente, mas poucos se esforçam para fazer o que realmente importa: poupar regularmente.
É relevante abordar, primeiramente, que no âmbito da educação financeira, poupar não possui qualquer relação com a conta poupança, que nada mais é do que um produto oferecido pelos bancos.
Poupar, no seu sentido mais amplo, significa economizar, reter, guardar mensalmente uma parte do seu dinheiro em prol da segurança e dos projetos de vida. Em outras palavras, poupar é gastar com parcimônia, colocando a sustentabilidade e os sonhos sempre em primeiro lugar.
Paralelo a isso, vale ressaltar também que a educação financeira, diferentemente das finanças pessoais, não se preocupa estritamente com números, planilhas e investimentos, mas sim com o comportamento das pessoas em relação ao dinheiro.
Neste contexto, educar financeiramente perpassa necessariamente pela conscientização, pela ressignificação de crenças e pelo desenvolvimento de novos hábitos, como por exemplo controlar os gastos, poupar constantemente e, em última instância, investir com sabedoria.
Para desenvolver o hábito de poupar, o primeiro passo é simplesmente definir a finalidade do dinheiro guardado, afinal, sem um motivo forte o suficiente para se abster dos prazeres imediatos, as pessoas se tornam presas fáceis do consumo desenfreado, gastam tudo o que ganham e ainda se queixam de que nunca sobra dinheiro.
Por outro ângulo, ao definir com clareza os porquês do poupar, dando um significado prazeroso ao ato, naturalmente se terá a motivação e a disciplina necessárias para guardar dinheiro e se manter fiéis aos grandes sonhos.
Com objetivos definidos, orçamento controlado e uma boa capacidade mensal de poupança, aí sim há de falar dos investimentos, que se utilizados de forma responsável e segura, podem ajudar a reduzir consideravelmente o prazo de realização dos objetivos.
Por exemplo: para acumular a quantia de R$ 50.000,00 em 10 anos, guardando R$ 100 mensais, se leva mais de 40 anos para atingir a quantia desejada. Em contrapartida, ao investir R$ 100,00 mensais com as taxas de 0,50% e 1,00% ao mês, os prazos para acumular o mesmo valor seriam de 21 e 15 anos, respectivamente.
É em razão desta óbvia conclusão, que muitas pessoas se lançam ao mercado financeiro sem o conhecimento e o planejamento necessários, incorrendo em perdas substanciais de patrimônio e voltando várias casas no jogo da vida financeira.
Portanto, ao invés de canalizar toda a energia na busca de retornos estratosféricos, que invariavelmente incorrem em grandes riscos, é interessante se satisfazer com uma rentabilidade média e focar na regularidade dos aportes mensais.
Por fim, também é importante frisar que o melhor produto de investimento simplesmente não existe, pois todos eles, sem exceções, possuem vantagens e desvantagens.
O grande desafio enquanto investidores prudentes e sensatos, é justamente escolher de forma sábia aqueles que são mais aderentes ao perfil e, principalmente, aos projetos de vida.
Em contrapartida, é consenso que “investir em conhecimento rende sempre os melhores juros.” Desta forma, investir em educação financeira é imprescindível para todos aqueles que sonham em ter uma vida financeira tranquila, equilibrada e repleta de muitas realizações.
Diego Barbosa, Presidente da ABEFIN (Paraíba), Educador Financeiro e Terapeuta Financeiro DSOP; Planejador Financeiro CFP®; Especialista em Investimentos ANBIMA (CEA); Graduado em Tecnologia em Redes de Computadores pelo CEFET-PB (atual IFPB, Instituto Federal da Paraíba). Trabalhou 11 anos na Caixa Econômica Federal, funções de Instrutor Estratégico e Gerente de Clientes e Negócios.