O anúncio feito pelo presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Antônio Vieira, de que o banco público lançará sua plataforma de apostas online até o final de novembro, provocou reação variadas. Até o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou surpresa sobre o tema e pediu explicação.
As reações negativas em relação ao tema se mostram justificadas, representando em uma ameaça a saúde financeira da população segundo a Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN). A iniciativa prevê operar tanto nos canais digitais quanto nas casas lotéricas, com expectativa de faturamento entre R$ 2 bilhões e R$ 2,5 bilhões já em 2026.
Para Reinaldo Domingos, presidente da ABEFIN, a entrada de instituições financeiras em atividades de apostas não é compatível com o papel dos bancos no Brasil. “Como representantes dos profissionais de educação financeira do país, manifestamos repúdio à decisão. Não se trata de atacar o governo, mas de questionar a concessão de uma atividade que, em nossa visão, não deveria estar atrelada a instituições financeiras”, disse.
Segundo Domingos, os bancos têm como missão proteger os recursos da população e garantir a segurança do patrimônio dos brasileiros. “O sistema financeiro é um grande aliado da sociedade: proporciona empregos, protege nossos recursos e permite movimentações sociais importantes, como a habitação e programas de transferência de renda. Transformar essa função em uma plataforma de apostas corrompe os valores e a missão das instituições financeiras”, afirmou.
O presidente da ABEFIN destaca que, em vez de investir em jogos de apostas, as instituições financeiras deveriam focar em ações de educação financeira voltadas ao comportamento da população, promovendo consumo consciente, planejamento financeiro e prevenção do endividamento. “O papel de um banco vai muito além de movimentar recursos. Ele deve orientar e empoderar as pessoas para que tomem decisões financeiras responsáveis. Esse é o verdadeiro impacto positivo que uma instituição do setor pode gerar na sociedade”, ressaltou Domingos.
Ele também alerta para os riscos sociais que a “Bet da Caixa” pode gerar, especialmente para famílias em situação de vulnerabilidade. “Hoje já existe um problema com parte dos benefícios sociais sendo consumida em apostas. Se bancos públicos entrarem nesse mercado, haverá uma dilapidação ainda maior dos recursos que deveriam proteger as famílias mais vulneráveis. Não se trata de demonizar o setor, mas de preservar a integridade do sistema financeiro brasileiro”, afirmou.
A ABEFIN acha fundamental que esse debate chegue ao Banco Central, que deve ser questionado sobre a compatibilidade de jogos de apostas com a missão e os valores das instituições financeiras. A Associação reforça a necessidade de priorizar educação financeira comportamental, garantindo que o sistema bancário continue cumprindo seu papel social e econômico.






